No início desta semana, foi divulgado um documento organizado pelo Conselho Empresarial Brasileiro Para o Desenvolvimento Sustentável na defesa de medidas que combatam o aquecimento global. O teor desse documento e sua importância são temas da coluna do professor Pedro Dallari esta semana. “Lançado na última segunda-feira, dia 27, com o apoio de mais de cem empresas e dez entidades setoriais, o documento expressa sua posição em favor de uma economia de baixo carbono e também o compromisso dos signatários com essa transformação”, explica o colunista. “O parágrafo de abertura do documento já é bastante elucidativo sobre os objetivos dessa iniciativa empresarial. Diz o texto: ‘O mundo precisa, com urgência, caminhar para uma economia de baixo carbono e o setor empresarial no Brasil reconhece sua responsabilidade nessa transformação’. Sobre as bases da ciência e da inovação, as empresas estão respondendo ao chamado expresso no Acordo de Paris, que em 2015 conferiu ao setor produtivo protagonismo na defesa contra o agravamento e os efeitos das mudanças climáticas, em parceria com a sociedade civil e os governos”, esclarece Dallari.
“Este parágrafo de abertura já indica a importância do documento que, por várias razões, é uma boa notícia. Em primeiro lugar, porque o aquecimento global é o principal risco atual para a preservação do meio ambiente terrestre em condições que assegurem a plena sobrevivência da espécie humana. O aquecimento global tem consequências visíveis no meio ambiente: a irregularidade do clima, o degelo das calotas polares. Mas as consequências também são visíveis no âmbito social, como as dificuldades no acesso à agua, o risco para a produção de alimentos, o aumento da pobreza e a precarização dos direitos humanos”, enfatiza o professor.
Segundo Pedro Dallari, o engajamento das empresas brasileiras tem outros impactos relevantes. “Fundamentalmente, é um contraponto à política ambiental do governo Bolsonaro. E esse contraponto é significativo pelo fato de as empresas e o empresariado, de maneira geral, de forma explícita ou velada, terem apoiado a eleição do atual presidente em 2018 e vêm apoiando de maneira significativa seu governo”, afirma o colunista. “A reversão de uma postura descompromissada com o meio ambiente, com a crise social, para a adoção de uma postura socialmente mais responsável deve ser destacada”, acredita Dallari. “Essa iniciativa empresarial também expressa o fortalecimento de um posicionamento unificado da sociedade brasileira em contraponto ao posicionamento do governo para a COP26, a reunião das partes do tratado sobre o aquecimento global que ocorrerá em novembro em Glasgow, na Escócia, com a retomada dos objetivos do acordo de Paris. Essa é uma posição importante que destaca a sociedade brasileira e a alinha no contexto global no combate ao aquecimento planetário. O documento lançado na semana passada é, portanto, uma boa notícia, pelo conteúdo e pelo peso significativo das empresas que o assinam”, finaliza Pedro Dallari.
Leia aqui a íntegra do documento:
Globalização e Cidadania
A coluna Globalização e Cidadania, com o professor Pedro Dallari, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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