Obra vencedora da Bienal Panamericana de Quito renova prática ancestral da arquitetura

O professor Guilherme Wisnik, participando do evento como crítico convidado, destaca alguns aspectos que considera interessantes em relação à obra vencedora

 Publicado: 28/11/2024 às 8:02

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Nesta edição de sua coluna, o professor Guilherme Wisnik comenta a 24ª edição da Bienal Panamericana de Arquitetura de Quito, que acontece desde 1978, no Equador, da qual participou recentemente como crítico convidado. Ele salienta dois aspectos que considera interessantes em relação à bienal: o primeiro é o fato de ser muito urbana e o segundo de tratar-se de um evento “que consegue engajar de forma muito interessante e muito forte os estudantes de arquitetura, fazendo dela um evento também acadêmico em grande medida”. Outro aspecto que salienta é o de essa bienal apostar menos em exposições e mais “num seminário acadêmico que funciona como crítica de projeto de arquitetura, de uma forma muito forte. Isto é, eles têm temas – no caso dessa edição foi a relação entre arquitetura e paisagem”. As obras procedem principalmente da América Latina, em que pese a presença de alguns convidados da Europa e de outros lugares.

Em relação às obras, Wisnik destaca justamente a que foi premiada com o Grande Prêmio da Bienal, que é um mercado de artesanato num povoado indígena chamado Chalala, a três horas mais ou menos de Quito, “e que foi construída por um jovem escritório, chamado La Cabina de la Curiosidad, que inclusive usou para a construção – que é uma construção comunitária, de baixos recursos etc. – uma lei de incentivo do país, do Equador, que é muito avançado, na minha opinião, que é uma lei especificamente para obras que revitalizam técnicas ancestrais de construção – um mercado de plantas circular feito de palha, estrutura de madeira e palha, quer dizer, a palha é, ao mesmo tempo, material de parede de cobertura, porque é um volume muito íntegro na sua materialidade. Tem uma planta circular e dois cortes pelos quais você atravessa, entra e sai, e dentro dessa planta circular estão as tiendas, os postos de venda, que são 24 e são circulares, portanto, sem hierarquia, e é uma obra que, tomando posse de técnicas contemporâneas, renova uma prática ancestral da arquitetura com madeira e palha, dentro de uma geometria muito simples e muito forte como linguagem”, complementa o colunista.


Espaço em Obra
A coluna Espaço em Obra, com o professor Guilherme Wisnik, vai ao ar  quinzenalmente quinta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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