Áreas sob maior risco de terremotos são as de intenso encontro de placas tectônicas

Marcelo Assumpção aponta, como exemplos, os países da costa do Oceano Pacífico e os que se localizam ao sul do Mediterrâneo, regiões sujeitas também a atividades vulcânicas

 15/02/2023 - Publicado há 1 ano
Uma das diferenças entre os terremotos e os vulcões é que a atividade vulcânica pode ser medida com mais antecedência – Foto: Pixabay
Logo da Rádio USP

O terremoto de magnitude 7,8 que atingiu, principalmente, a Turquia e a Síria, já registrou mais de 40 mil mortos. A área é um local de encontro de placas tectônicas, sendo um dos mais ativos do mundo.

“A região da Turquia tem o encontro de três principais placas tectônicas: a da Europa, que fica ao norte da falha de Anatólia, a da África e da Ásia, e tem algumas placas menores entre essas três, como uma chamada placa de Anatólia, que é basicamente um pedaço da Turquia. É uma região onde os terremotos são muito frequentes e são conhecidos há muito tempo”, explica o professor Marcelo Assumpção, do Centro de Sismologia do Instituto de Astronomia e Geofísica da USP.

Riscos geológicos

No Brasil, os riscos de um terremoto de grande magnitude são extremamente baixos, já que o País está localizado na parte central da placa tectônica Sul-Americana. Os choques que ocorrem na borda chegam mais fracos ao continente por conta do trajeto que percorrem, mas Assumpção coloca que os vizinhos, como Chile, Colômbia e Equador, são bem mais afetados. Esses estão na região dos Andes, conhecida pela intensa atividade sísmica entre a placa de Nazca e a Sul-Americana.

Marcelo Sousa de Assumpção – Foto: Fapesp

As áreas de maiores riscos geológicos são aquelas de intenso encontro de placas tectônicas, como no caso dos países da costa do Oceano Pacífico e os ao sul do Mediterrâneo. Nesses locais, os terremotos são frequentes e outros fenômenos, como vulcões, também podem ser vistos: “Os vulcões são outro tipo de ameaça geológica e também ocorrem, mais ou menos, nas mesmas faixas da Terra onde ocorrem os grandes terremotos e tanto os vulcões quanto os grandes terremotos estão relacionados à movimentação entre as placas tectônicas. A superfície da Terra tem uma casca com, mais ou menos, 100 km de espessura em média e, quando uma placa ‘raspa’ em outra, às vezes, ela entra embaixo. Quando uma placa entra embaixo da outra, isso provoca os vulcões. Então, a origem dos vulcões são rochas derretidas que vêm de uma profundidade de 150 km, mais ou menos, não vem do centro da Terra“, diz Assumpção.

Minimizar danos

Uma das diferenças entre os terremotos e os vulcões é que a atividade vulcânica pode ser medida com mais antecedência, sendo possível evacuar o local e tomar melhores decisões. No caso dos terremotos, Assumpção comenta que não existe a possibilidade de prevê-los: “Infelizmente, não é possível prever um terremoto, não existe nenhum método seguro para se dizer quando vai ter um próximo terremoto grande nem o local exato onde ele vai ocorrer”.

Por mais que não seja possível prever os terremotos, o professor pontua a necessidade de se preparar para a ocorrência deles, sobretudo em regiões onde são frequentes. “A única alternativa é você se preparar para quando ocorrer um terremoto forte. Você precisa saber quais são as zonas e as falhas potencialmente ativas e, nessas regiões, deve construir casas e os prédios de maneira mais segura, com normas bem rígidas para que as construções sejam mais resistentes aos terremotos. Esse é o grande problema, porque isso custa caro e nem sempre os países conseguem melhorar e tornar suas construções, que já eram mais antigas, mais resistentes. Além disso, as zonas de vibração podem ser cada vez melhor mapeadas”, pontua Assumpção. Países mais desenvolvidos e vítimas de terremotos, como os Estados Unidos e, principalmente, o Japão, investem na questão de construções mais resistentes e preparadas para esses eventos geológicos. Nesses locais, o número de vítimas fatais é muito menor quando comparado a outros que não possuem tal preparação.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.