A máquina fotográfica, vejam só, pode vir a ser um objeto do futuro. É o que elabora o professor Luli Radfahrer em sua coluna desta semana, a qual dá início lembrando como funcionavam as antigas câmeras fotográficas, “áreas fechadas, vazias, dentro delas passava a luz e a luz impressionava o filme”. Hoje, porém, elas são chamadas de máquinas: “Aquilo que você pega na mão e chama de câmera, principalmente aquelas maiores, mais pesadonas, são computadores superpotentes que têm formato de câmera, mas não têm nenhuma câmera dentro, não têm nenhum espaço vazio dentro. Elas são praticamente um enorme computador”. Ou seja, hoje em dia, as câmeras estão virando máquinas, o que não é apenas uma questão de semântica, mas de algo um pouco mais sofisticado. Radfahrer prossegue em seu raciocínio: “Enquanto câmera guarda o mundo, registra o mundo como ele é, a máquina transforma o mundo, e isso pode levar a uma enorme mudança na forma com que a gente encara a imagem digital”… e com cada vez mais transformação.
De resto, o colunista lembra que a fotografia nunca foi sinônimo de realidade, uma vez que esta é manipulada pelo fotógrafo, que escolhe o que quer enquadrar. “Para piorar, ou para melhorar a situação, os celulares, e mesmo as câmeras grandonas, têm altíssima resolução e os aplicativos de manipulação são cada vez mais fáceis e mais populares, sem contar que muitos deles usam inteligência artificial.” Isso acaba resultando em muitas mudanças e em transformações importantes, as quais já estamos vivendo. E aqui Radfahrer cita o cinema para ilustrar sua teoria, sempre a partir da premissa das novas tecnologias digitais manipuladas por Hollywood, que embaralham o que é ou não realidade, pois “a qualidade da computação gráfica é muito boa. Agora, se você consome notícias, você tem que parar de acreditar que a imagem que está lá é um sinônimo de realidade, porque isso é cada vez menos verdade”.
Datacracia
A coluna Datacracia, com o professor Luli Radfahrer, vai ao ar quinzenalmente, sexta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP Jornal da USP e TV USP.
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