A cientista biomédica Beatriz Calasense fala sobre verdades e mentiras que existem por trás da suplementação de colágeno no episódio desta semana do Fake News Não Pod. O corpo humano produz colágeno, mas essa produção começa a diminuir a partir dos 25 anos. Para fugir das consequências da diminuição desta proteína, é muito comum que as pessoas comprem suplementação de colágeno em pílulas ou bebidas. Será que essa suplementação é realmente eficiente para suprir a diminuição da produção pelo organismo?
O colágeno é uma das proteínas mais abundantes no corpo humano, com funções estruturais essenciais, como conferir elasticidade e firmeza para tecidos como a pele, ossos, unhas, tendões e cartilagens. Como qualquer outra proteína, é formada por uma sequência de moléculas menores, chamadas aminoácidos. “Uma proteína grande e complexa é como um colar de pérolas, em que cada pérola representa um aminoácido. Quando ingerimos qualquer proteína, nosso organismo não consegue absorver o que seria o colar inteiro, ou seja, a proteína inteira”, explica Beatriz.
Para isso, enzimas específicas no nosso trato digestório são capazes de quebrar as proteínas grandes em pedaços menores. “Agora sim, os aminoácidos podem ser absorvidos pelo organismo e vão atingir tecidos de todo o corpo, cumprindo as funções necessárias para aquele momento”, afirma.
Ao consumir uma pílula ou suplemento de colágeno, o corpo recebe o que seria a proteína inteira, ou seja, o colar de pérolas completo. Por isso, ao chegar no trato digestório, o colágeno é quebrado em pedaços menores antes de ser absorvido pelo organismo. “Portanto, o colágeno consumido e quebrado em partículas menores serve apenas como uma fonte de alguns aminoácidos, e não temos a garantia de que esses aminoácidos adquiridos pela suplementação irão, em algum momento, ser utilizados para a fabricação de uma nova molécula de colágeno”, assegura.
Nesse sentido, a suplementação por colágeno perde seu poder, uma vez que o consumo de proteínas pela alimentação já nos garante aminoácidos importantes para o funcionamento do nosso organismo e não temos a garantia de que os aminoácidos adquiridos pela ingestão de colágeno serão utilizados pelo organismo para a produção de mais colágeno. “Em resumo, o colágeno suplementado não pode ir direto para sua pele, unhas e cartilagens. Portanto, o segredo não muda: vale muito mais a pena garantir uma alimentação saudável e adquirir os aminoácidos essenciais pela dieta”, conclui.
Produção: UP Vacina Projeto João Fake News (bit.ly/JoaoFakeNews). Roteiristas: Beatriz Calasense, Beatriz Cassiano Michelon e Wasim Aluísio Prates Syed Apresentadora: Beatriz Calasense e Beatriz Cassiano Michelon Edição: Rádio USP Ribeirão Preto