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O professor Renato Janine Ribeiro, em sua última coluna do ano, ao fazer uma comparação entre Brasil e Estados Unidos em relação aos Poderes constituídos (Executivo, Legislativo e Judiciário) e às semelhanças existentes entre os sistemas de ambos os países, chega à conclusão de que, no momento, eles estão valendo mais no Brasil do que nos Estados Unidos. “Trump vai ter tudo na mão, ele tem seis dos nove ministros da Corte Suprema e que não têm o menor pudor em utilizar esse poder extraordinário como quiserem, inclusive tendo relações suspeitas com bilionários, etc. No Congresso, ele vai dominar a Câmara e o Senado, mesmo assim ele quer passar como um rodo em cima do Congresso e até está cogitando saltar por cima do Parlamento. Agora, no Brasil, embora as indicações para o Supremo também sejam políticas, e a gente vê isso muito bem em alguns ministros do Supremo, como os dois indicados do Bolsonaro e alguns outros poucos, o fato é que eles acabam sendo muito independentes das forças que os indicaram.”

Seguindo esse raciocínio, Janine diz que, dos ministros indicados pelo PT, praticamente nenhum apoiou esse partido em momento algum. “Então, nós temos um equilíbrio melhor nisso, e mesmo o Congresso nosso, que não pode ser muito elogiado porque, por exemplo, acaba de aprovar a castração química – o que vai ser derrubado no Supremo, está na cara – mas, mesmo com esse Congresso, ele limita um pouco o poder do presidente da República. O curioso é isso, neste momento os três Poderes estão valendo mais no Brasil que nos Estados Unidos. E por que os três Poderes são importantes? Para que serve uma instituição? Uma instituição serve para ela não depender inteiramente do indivíduo que está no poder, nós temos líderes fortes no Brasil […] agora, nenhum deles se tornou a imagem pura do Estado brasileiro, porque sempre ficou claro que havia poderes institucionais que davam essa estabilidade ao Estado, e esse ponto é muito importante”, diz Janine Ribeiro, que conclui sua coluna com uma pergunta e uma advertência: “Como será nos Estados Unidos com um governante que agora, num segundo mandato, tendo aprendido muita coisa, tendo se livrado dos poucos expoentes moderados do seu governo anterior, está disposto a destruir tudo, a fazer tudo que lhe der na telha, como Trump? A gente não sabe, mas antevê que pode ser perigoso”.