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O podcast Ambiente é o Meio desta semana conversa com o biólogo Gabriel Lourenço Brejão, doutor em Biologia Animal pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) e pós-doutorando pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Especialista em Ecologia de Peixes, Brejão fala sobre a relação entre desmatamento e a perda de diversidade de peixes em riachos da Amazônia, resultado das suas pesquisas.
As florestas, afirma o pesquisador, são muito importantes para a estruturação dos ambientes aquáticos. Além de oferecer alimentos aos peixes, como pequenos insetos e plantas, as florestas são importantes para a criação, aumento e complexidade de ambientes de riachos. “Uma árvore que cai, por exemplo, forma um poço mais profundo e, logo depois dele, pode ser que se forme uma correnteza, uma corredeira. Então, diferentes tipos de peixes podem ocupar esses espaços, esses microambientes que são formados”, explica Brejão.
As raízes das árvores também são importantes para os riachos, pois agem como estruturadoras e evitam, desse modo, o assoreamento. Quando há a remoção de florestas, “toda essa proteção é retirada”, adianta o pesquisador, o que faz a entrada de sedimentos nos riachos ser mais rápida e, consequentemente, os ambientes aquáticos serem enterrados. “E começa a excluir desses ambientes as espécies que estavam vivendo nesses microambientes muito específicos.”
Quando se perde esses ambientes, conta Brejão, as espécies que ocupavam esses locais também são perdidas e a biodiversidade acaba ficando mais homogênea. Se o riacho sofre essa homogeneização, continua, “se ele vira um corredorzão, com uma água que não muda de velocidade e com uma profundidade constante”, o tipo de peixe nesse ambiente também é homogeneizado. “Além de eliminar o papel da floresta e das matas ciliares, as Áreas de Preservação Permanente (APP), como filtros de entrada de excesso de nutrientes”, que aumentam a poluição e surgimento de algo dentro dos riachos.
Para Brejão, as APPs são muito importantes, porque são as matas ciliares que protegem os rios e riachos de qualquer poluente ou excesso de sedimento que possa estar caindo e prejudicando esse ambiente. Por isso, conclui, “são essenciais para a manutenção da estrutura para a diversidade de ambientes e para a diversidade de fauna aquática dentro dos riachos”.
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