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Há 70 anos, em 1951, no mesmo ano em que seria incorporado pela USP, o Instituto Oceanográfico (IO) inaugurou sua primeira base de pesquisa na cidade de Cananeia, litoral sul de São Paulo. O terreno foi escolhido pelo próprio fundador do instituto, o pesquisador franco-russo Wladimir Besnard, e seu colega João de Paiva Carvalho.
A celebração da data foi marcada pela visita do reitor Vahan Agopyan às instalações de Cananeia, nos dias 28 e 29 de setembro, e pela cerimônia de descerramento da placa comemorativa, que contou com a presença do prefeito da cidade, Robson da Silva Leonel. Essa foi a primeira visita de um reitor da USP às instalações da base sul.
“Para a felicidade do Estado de São Paulo, nossos líderes do passado tiveram a visão de que nossa costa é enorme, com uma riqueza incalculável que deveria ser estudada. Eles acreditaram na necessidade de patrocinar e investir na pesquisa e, por causa deles, o Instituto Oceanográfico se tornou uma referência nacional e internacional. Nosso grande desafio, agora, é preservar o que foi construído e preparar o IO para que continue sendo uma referência no futuro”, ressaltou o reitor Vahan Agopyan.
O prefeito Robson da Silva Leonel fez questão de lembrar que conhece a Base desde a infância e costumava brincar em seus espaços. “Fico muito feliz de constatar que, após tantos anos, a Base continua sendo mantida com tanto cuidado. A cidade de Cananeia tem muito orgulho de ter uma instituição como a USP instalada aqui. Os resultados das pesquisas produzidas na Base não ficam restritos ao nosso Estado, ao nosso País, mas são levados ao mundo, contribuindo para o conhecimento, que tem se mostrado cada vez mais necessário nos dias de hoje”, afirmou.
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Ainda limitada pelas restrições decorrentes da pandemia da covid-19, a visita teve a presença do procurador-geral e superintendente de Relações Institucionais, Ignácio Maria Poveda Velasco, do chefe de Gabinete, Marcos Domingos Siqueira Tavares, e do chefe do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica, Bernardo Luis Rodrigues de Andrade. Acompanharam o prefeito de Cananeia a supervisora de Ensino do Departamento de Educação, Ivani Rosalina dos Santos Topal, e a diretora do Departamento de Turismo, Evelise Teixeira Moaes.
Pesquisa de campo
Instalada em um terreno de 8 mil metros quadrados, na região lagunar de Cananeia, a Base de Pesquisa João de Paiva Carvalho oferece apoio às atividades práticas educacionais e aos projetos de pesquisas do Instituto Oceanográfico.
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O espaço conta com dois laboratórios multiuso, alojamento com capacidade para receber 70 pessoas, refeitório, um pequeno museu e o Espaço Didático Professor Wladimir Besnard, construído por iniciativa dos próprios funcionários, na atual gestão. A garagem de embarcações abriga o barco de pesquisa Albacora, a lancha Saphirina e a lancha Focker 265, que pertence à Escola Politécnica.
“Todos os pesquisadores que passam pela Base se apaixonam pela região, considerada uma das regiões úmidas mais bem preservadas do mundo. Temos aqui um sistema riquíssimo e intocado, e é um privilégio formarmos nossos alunos nesse sistema que é uma referência”, explicou a diretora do IO, Elisabete de Santis Braga da Graça Saraiva.
Durante todo o ano, o espaço recebe alunos e pesquisadores do IO, de outras unidades da USP, da Unesp, da Universidade Federal do Paraná e de outras instituições nacionais e internacionais. A Base também é bastante frequentada pela comunidade local, especialmente pelas escolas, com as quais realiza diversas atividades, como visitas monitoradas e cursos de aperfeiçoamento.
O reitor aprovou essa atuação com a comunidade e lembrou que “a USP está cada vez mais empenhada em reforçar as atividades que interagem com a sociedade. É importante que as bases de Cananeia e Ubatuba colaborem para a qualidade de vida local, estudando problemas como poluição e alterações ambientais, por exemplo”.
Após um ano e meio fechada por causa da pandemia, os 11 servidores da Base agora preparam as instalações para a retomada gradual das atividades presenciais.
“Tenho a certeza de que estamos preparando o nosso instituto para o futuro e esperamos que a nossa integração com Cananeia seja cada vez mais forte e que a população da cidade tenha orgulho de ter um instituto da USP instalado aqui”, afirmou a diretora.
Explorando o litoral sul paulista
O Instituto Oceanográfico foi fundado em 1946, pelo pesquisador franco-russo Wladimir Besnard, como Instituto Paulista de Oceanografia (IPO). Primeira instituição brasileira dedicada à pesquisa oceanográfica, o instituto tinha a missão de fornecer bases científicas à pesca e à exploração de recursos disponíveis ao longo do litoral paulista.
No ano seguinte, Wladimir Besnard e João de Paiva Carvalho visitaram várias cidades costeiras, avaliando áreas possíveis para a instalação de suas bases de pesquisa, uma no litoral norte e outra no litoral sul.
Escolhida a região lagunar de Cananeia para a base sul, os esforços foram voltados para a aquisição de equipamentos e a montagem de um laboratório flutuante. Em 1950, o instituto adquire o terreno para a implantação da base de pesquisa e inicia a construção de alojamentos e laboratórios.
Em 1951 é inaugurada a Base de Pesquisa João de Paiva Carvalho. No mesmo ano, o instituto foi incorporado à USP como unidade de pesquisa, assumindo seu nome atual e obtendo maior autonomia no cumprimento de suas funções.
Em 1954, o IO adquire o Juva-Camburiú, sua primeira embarcação própria utilizada em pesquisas na região estuarina de Cananeia-Iguape. Também neste ano, o instituto obtém um terreno em Ubatuba para a construção da Base Norte.
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