Foi na Rua Augusta, no centro de São Paulo, que teve início uma trajetória de dedicação e amor à capoeira. No número 1.351 da famosa rua paulistana, no ano de 1966, Gladson de Oliveira Silva começava a “gingar” sob a orientação do Mestre Paulo Gomes, da Associação de Capoeira Ilha da Maré. “Ali recebi minha formatura”, conta orgulhoso o mestre Gladson ao Jornal da USP. Passados mais de 50 anos, entre as gingas, bençãos, bandas e meia luas – alguns golpes da capoeira -, o mestre tem sua história reconhecida e acaba de ser homenageado com o Título de Cidadão Paulistano da Câmara Municipal da cidade de São Paulo. A sessão solene de entrega do título teve lugar no plenário da Câmara, na última quarta-feira, dia 11 de setembro. O autor da homenagem foi o vereador Gilson Barreto (MDB).
Hoje, aos 82 anos, Gladson lembra quando passou a treinar em outra Academia, naquela mesma rua, no número 1.030. “Depois de treinar com mestre Paulo Gomes, fui para a Associção KPoeira, onde treinei com o mestre Airton Neves Moura, o mestre Onça, que foi aluno de mestre Bimba. Lá eu me formei na capoeira regional de mestre Bimba e dei seguimento aos meus trabalhos”, lembra o capoeirista.
Capoeira na USP
Mestre Gladson, atualmente aposentado, contabiliza mais de 5 mil alunos que treinaram com ele. Afinal, são mais de 50 anos ensinando o esporte em escolas da cidade de São Paulo e no próprio Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepeusp), na Secretaria de Esportes do Estado e no Departamento de Educação Física e Esportes (Defe) Água Branca. “Muitos alunos foram graduados, porém, sem exercerem o cargo de professor de capoeira. Tenho 5 mestres de capoeira, graduados por mim. Todos eles, com 30 anos trabalhando comigo”, destaca Gladson.
Na USP, a trajetória do capoeirista teve início em 1972, um ano após a fundação do Cepeusp. “Foi quando apresentei minha proposta de trabalho para colocar a capoeira como atividade física. Apresentei os requisitos curriculares para preencher a vaga e comecei os trabalhos com a capoeira. Também dei aulas de capoeira na Escola de Educação Física e Esportes da USP, como matéria optativa”, conta o mestre, que é formado em Educação Física pela Escola Superior de Educação Física de São Caetano.
Mesmo aposentado, mestre Gladson mantém iniciativas ligadas ao ensino da capoeira, como Projeto Porta Aberta, no bairro do Capão Redondo, na Zona Sul de São Paulo. “Lá já estou há 25 anos trabalhando com as crianças carentes”, conta Gladson. Ele também cita, entre seus trabalhos, os Núcleos de Capoeira que são mantidos nas cidades gaúchas de Pelotas, Porto Alegra, Vacaria. Há também trabalhos na Argentina, na cidade de Rosário, e no Peru, em Cuzco. “Há também um trabalho na Fundação Casa na cidade de Franco da Rocha que é coordenado por um aluno nosso”, destaca o mestre.
Gladson destaca ainda que a capoeira está presente em mais de 150 países. “O esporte é trabalhado em escolas, universidades, serviços sociais, clubes, academias e competitivamente em grandes eventos como MMA, VMB”, detalha. “Tudo sob a coordenação das federações estaduais, brasileira e internacionais de capoeira. Em São Paulo, está crescendo o apoio político para a capoeira nas escolas”, comemora Gladson.