Masculinidade de homens negros pode estar relacionada a estigmas de violência

Minicurso gratuito ministrado na USP aborda questões raciais do cenário de pós-abolição, para analisar os conceitos de vadiagem, malandragem e malandro

 29/09/2023 - Publicado há 8 meses
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Curso busca na História os discursos pós-abolicionistas que justificavam perseguições físicas e culturais – Foto: Reprodução/Freepik

O Laboratório de Pesquisa Social (LAPS), da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, realiza o minicurso Gênero, raça e classe como chave de estudos sobre masculinidades negras, imagens de controle e estereótipos de malandragem. As aulas vão ocorrer gratuitamente toda terça-feira, entre os dias 3 e 31 de outubro, das 17h30 às 19h30, ministradas pela pós-doutoranda em Sociologia Alessandra Tavares de Souza. Para participar, basta se inscrever pelo link.

O minicurso vai debater a masculinidade de homens negros, com base em discussões de gênero, raça e estigmas de violências que os atravessam, além de produções que contemplem questões raciais no contexto do pós-Abolição. Segundo os organizadores, deve-se analisar “a historicidade dos conceitos de vadiagem, malandragem e malandro que fazem parte da discursividade que fundamentam perseguições físicas, culturais e simbólicas das masculinidades negras”.

Alessandra Tavares de Souza – Foto: Arquivo pessoal

Alessandra, que ministrará o curso, está entre as três pós-doutorandas selecionadas na primeira edição do edital Bolsas de Pós-Doutorado para Seleção de Pesquisadoras Negras, aberto em setembro de 2022, pela Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento, em parceria com a Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação, ambas da USP. “A iniciativa de criar editais com enfoque em ações afirmativas que incluam o recorte racial e de gênero é muito importante. No entanto, faz-se necessária sua ampliação em ações permanentes que observem o acesso a diferentes setores e níveis dentro das universidades e, sobretudo, em quantitativos com reais impactos na promoção da diversidade”, afirma a pesquisadora, que foi contemplada com seu projeto Masculinidades negras: entre as representações da malandragem e os modos de vida de homens negros no Rio de Janeiro do pós-abolição.

Programação:

Encontro 1 – Gênero como grade de estudos das ciências sociais, com os seguintes textos de referência:

  • MEDRADO, Benedito; LYRA, Jorge. Por uma matriz feminista de gênero para os estudos sobre homens e masculinidades. Revista Estudos Feministas 2008; 16(3):809-840;
  • CONNELL, Robert W.; MESSERSCHMIDT, James W. Masculinidade hegemônica: repensando o conceito. Revista Estudos Feministas [online]. 2013, vol. 21, n. 1;
  • FAUSTINO (NKOSI), D. O pênis sem o falo: algumas reflexões sobre homens negros, masculinidades e racismo, in Feminismos e masculinidades: novos caminhos para enfrentar a violência contra a mulher (organização Eva Alterman Blay). – 1ª ed. – São Paulo: Cultura Acadêmica, 2014, p. 75.
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Encontro 2 – Masculinidades: raça, gênero, classe, sexualidade, com os seguintes textos de referência:

  •  FAUSTINO, Mendes Deivison. RIBEIRO, Alan Augusto de Moraes. Negro tema, negro vida, negro drama: estudos sobre masculinidades negras na diáspora. Revista Transversos, v. 10, p. 163-82, 2017;
  • PINHO, Osmundo. Qual é a identidade do homem negro? Democracia Viva, nº 22, jun. 2004/jul. 2004, p. 64-9.

Encontro 3 – Imagens de controle e autodefinição, com os seguintes textos de referência:

  • BUENO, Winnie. Imagens de Controle: Um conceito do pensamento de Patricia Hill Collins. Porto Alegre: Zouk, 2020;
  • COLLINS, Patrícia Hill. Pensamento feminista negro; Conhecimento, consciência e política do empoderamento (tradução Jamille Pinheiro Dias). 1ª ed. São Paulo: Boitempo, 2019;
  • Bell hooks. A gente é da hora: homens negros e masculinidades (tradução Vinicius da Silva). Elefante Editora, 2022.

Encontro 4 – Dialética da malandragem – imagens e representações, com os seguintes textos de referência:

  • RODRIGUES, José Carlos. Revisitando a malandragem. ALCEU, v. 19, nº 37, 2018, p. 6-15;
  • ROCHA, Gilmar. “Navalha não corta seda”: Estética e performance no vestuário do malandro. Tempo, vol. 10, n. 20, jan./2006, p. 121-42.

Serviço:

Minicurso Gênero, raça e classe como chave de estudos sobre masculinidades negras, imagens de controle e estereótipos de malandragem

Dias 3, 10, 17 e 31 de outubro, das 17h30 às 19h30

No Auditório 118, do prédio de Filosofia e Ciências Sociais da FFLCH
Endereço: Av. Prof. Luciano Gualberto, 315 – Cidade Universitária, Butantã

Mais informações: raphaelmott@hotmail.com 


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