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Fotomontagem sobre imagens Clay Banks/Unsplash e Freepik
Pesquisa expõe o racismo estrutural nas instituições de saúde
Estudo realizado em Ribeirão Preto com 182 pessoas revelou que 71,54% delas perceberam, em algumas situações, ter sofrido discriminação racial em serviços de saúde
14/06/2021
Por: Pedro Ferro
Arte: Rebeca Alencar/Jornal da USP
O racismo está bastante enraizado na cultura brasileira, tanto que as medidas para combater a discriminação racial, adotadas pelo governo federal, utilizaram pela primeira vez, em 2005, a expressão “racismo institucional” para explicar que ele se manifesta nas estruturas de organização da sociedade e nas instituições, o que inclui o Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), feita em 2015, 23,3% das pessoas negras e pardas já se sentiram discriminadas em serviços de saúde.
A pesquisa de mestrado Análise do racismo institucional na assistência em saúde sexual e reprodutiva no município de Ribeirão Preto-SP, do enfermeiro Marcelo Vinicius Domingos Rodrigues dos Santos, da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP, revela que esse problema é tão “comum” a ponto de poucas pessoas identificarem que sofreram discriminação racial.
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O intuito do estudo era identificar com que frequência pacientes negros e pardos sofriam discriminação e violência racial em instituições de saúde na cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, e quais tipos de violência os entrevistados identificaram. “Uma das entrevistadas descreveu uma situação que presenciou: no relato, a pessoa diz ter visto uma gestante negra ser ignorada por uma funcionária por algumas horas na sala de espera e, quando a gestante foi atendida, foi tratada como uma paciente comum”, comenta o pesquisador.
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Entretanto, segundo a pesquisa, poucas pessoas percebem quando sofrem discriminação durante o atendimento. Usando o questionário Escalas de Percepção de Discriminação Racial em Saúde, Santos identificou que, das 182 pessoas entrevistadas, 71,54% delas perceberam, em algumas situações, terem sofrido discriminação racial em serviços de saúde. Já dentre os outros, cerca de 28% dos entrevistados, 81,82% constataram ter visto ou sofrido discriminação racial por parte de médicos e enfermeiros.
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“Sendo a discriminação racial um problema cultural tão antigo, é difícil combatê-lo”, afirma Santos. “Mas isso não significa que não devamos tentar mudar o cenário atual”, diz. O pesquisador afirma ser necessário conscientizar as pessoas para que não tenham medo de acessar canais de denúncia do SUS quando presenciarem atos discriminatórios por parte dos funcionários.
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O mestrado Análise do racismo institucional na assistência em saúde sexual e reprodutiva no município de Ribeirão Preto-SP foi apresentado no final de 2020.
Mais informações: e-mail marcelo.domingos@usp.br, com Marcelo Vinicius Domingos Rodrigues dos Santos
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