Especialistas discutem em encontro a literatura de afrodescendentes na Europa

Reunindo universidades brasileiras e portuguesas, seminário destaca autorias do feminismo negro e da literatura de resistência; cerimônia de encerramento apresenta as escrevivências de Conceição Evaristo

 19/09/2023 - Publicado há 8 meses
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Seminário Internacional sobre Escritas Afropeias em Diálogos Literários será nos dias 21 e 22 de setembro – Fotomontagem Jornal da USP – Fotos: Freepik

 

A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP promove, entre os dias 21 e 22 de setembro, o 2º Seminário Internacional sobre Escritas Afropeias em Diálogos Literários. O evento acontece presencialmente no auditório 08, do prédio de Filosofia e Ciências Sociais. Haverá transmissão simultânea pelo canal de Youtube da faculdade neste link. Para participar não é necessário realizar inscrição prévia. 

Organizado pelo Centro de Estudos Africanos (CEA) da FFLCH, o encontro reúne especialistas em literatura com o objetivo de estimular reflexões sobre a literatura portuguesa de autoria afrodescendente e a inserção africana e afrodescendente na Europa. Além disso, pretende também debater questões políticas e culturais ligadas à afrodescendência no mundo contemporâneo, em especial no Brasil.

Na cerimônia de abertura do seminário, serão discutidos os significados presentes no conceito de “afropeia”, a partir de uma pesquisa em andamento intitulada Afropeans-Port: escritas afropeas em Portugal. O conceito tem sido utilizado por alguns pesquisadores para se referir aos deslocados africanos estabelecidos na Europa. A partir das produções literárias de escritores afro-europeus, docentes da USP, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e de universidades portuguesas apresentarão seus estudos que envolvem temas como: feminismo negro em Lisboa; experiências urbanas e coloniais em textos líricos; saberes populares e acadêmicos, racismo, interseccionalidade em Esse Cabelo, de Djaimilia Pereira de Almeida, entre outros. Confira a programação completa aqui

Obra de estreia da escritora angolana residente em Portugal, a produção de Djaimilia é um romance pós-colonial, além de representar um ensaio de identidade e uma inspiração autobiográfica para a autora, que também é pós-doutora em teoria literária pela Universidade de Lisboa. No prefácio do seu livro, ela – que assume ora lugar de narradora, ora lugar de personagem -, conta que “a verdade é que a história do meu cabelo crespo intersecta a história de pelo menos dois países e, panoramicamente, a história indireta da relação entre vários continentes: uma geopolítica”. É por meio da lente do seu cabelo cacheado que a história de Mila entrelaça memórias de infância e adolescência, história familiar e alentadas reflexões sobre o tenso equilíbrio ― interno e externo ― de uma identidade europeia e africana. Desenvolvendo, na prática, as potencialidades do conceito de escrevivência – ou seja, da escrita que nasce do cotidiano – termo cunhado por Conceição Evaristo, professora titular na Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, e que estará presente na cerimônia de encerramento do seminário.

Saiba mais: cea@usp.br, com o Centro de Estudos Africanos da USP

*Estagiário sob supervisão de Antonio Carlos Quinto e Tabita Said


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