Poemas de Portinari são tema de encontro na USP

Evento acontece nesta quinta-feira, dia 24, às 19 horas, com transmissão ao vivo pela plataforma Youtube

 22/02/2022 - Publicado há 2 anos
O pintor Candido Portinari (1903-1962) e as duas edições de suas poesias, datadas de 1964 e 2018 – Foto: Reprodução

 

Pedi ao anjo asas emprestadas. Sobrevoei
meu povoado. Irriguei as plantações com minhas
lágrimas
Pensei na felicidade perdida.
Não há ali mais nada.
Tudo que me fez sofrer e me fez feliz não
existe mais.

Candido Portinari

A obra poética do pintor Candido Portinari (1903-1962) será analisada nesta semana na USP. Nesta quinta-feira, dia 24, às 19 horas, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) vai promover o evento Poesia de Portinari, com a presença de João Candido Portinari, diretor do Projeto Portinari e filho do artista. Com mediação do doutorando em Letras Anderson Lucarezi, o encontro será transmitido ao vivo pelo canal da FFLCH na plataforma Youtube.

Em 1964, dois anos após a morte de Portinari, a Editora José Olympio publicou poemas que o artista havia composto nos seus últimos anos de vida, sem a intenção de publicá-los. A edição – que fora autorizada por Portinari por insistência do escritor e amigo Antonio Callado (1917-1997) – foi lançada sem nenhuma ilustração, como queria o autor, já então um renomado artista plástico. Uma nova edição das poesias de Portinari surgiu em 2018, publicada pela Funarte (Fundação Nacional de Artes), agora acompanhadas da reprodução de obras do artista, relacionadas com os temas dos poemas.

O evento terá a presença do diretor do Projeto Portinari, João Candido Portinari – Foto: Reprodução

Um desenho a nanquim feito em 1956, intitulado Praça de Brodowski, por exemplo, ilustra um poema em que o artista lembra a infância vivida na sua cidade natal:

As festas, os bailes, a banda de música
Procissões e o sino repicando…
Muito povo endomingado
Noites enluaradas e todas as estrelas
Eram mais claras do que os dias nos outros povoados.

Retirantes, desenho a grafite e sanguínea – um estudo para a pintura Os Retirantes -, ilustra um poema que expressa a revolta de Portinari diante da opressão vivida por pessoas à sua volta:

Os retirantes vêm vindo com trouxas e embrulhos
Vêm das terras secas e escuras; pedregulhos
Doloridos como fagulhas de carvão aceso
Corpos disformes, uns panos sujos,
Rasgados e sem cor, dependurados
Homens de enorme ventre bojudo
Mulheres com trouxas caídas para o lado

A edição da Funarte – preparada pelo Projeto Portinari – dividiu os poemas de Portinari em quatro partes, conforme divulgou a Assessoria de Imprensa da FFLCH, em nota sobre o evento: a primeira trata da alegria do menino Candido Portinari no interior paulista; a segunda revela seus medos da infância; a terceira tem cunho social e se volta contra os horrores da fome e da miséria; e a quarta traz poesias em que Portinari tece homenagens poéticas.

O evento Poesia de Portinari, promovido pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, será realizado nesta quinta-feira, dia 24, às 19 horas, com transmissão ao vivo pelo canal da FFLCH na plataforma Youtube.


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