Exposição apresenta obras de alunos de Artes Visuais da USP

No Espaço das Artes da Escola de Comunicações e Artes, “Pó” exibe projetos artísticos de 17 estudantes

 04/01/2024 - Publicado há 4 meses     Atualizado: 23/01/2024 as 18:09
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Mostra está aberta para visitação até 15 de março, de segunda a sexta-feira, das 9h às 20 horas - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Até março, as portas do Espaço das Artes (EdA) da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP estarão abertas para todos aqueles que desejarem visitar , nova exposição feita pelos alunos dos cursos de Artes Visuais do Departamento de Artes Plásticas (CAP) da ECA. A mostra tem coordenação de Mario Ramiro e Lucia Koch, ambos professores do departamento, e exibe os Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) de 17 universitários.

Pinturas, esculturas, desenhos, fotografias e até mesmo um jogo virtual integram a mostra, sem a preocupação com uma conexão óbvia entre as obras. A ideia é evidenciar os processos e resultados dos trabalhos de cada um dos artistas durante os anos de graduação.

Mas a exposição vai além. pretende evidenciar para o público reflexões que envolvem a formação no campo das artes, que, diferentemente de outras áreas de atuação, não exige ensino superior para o exercício da profissão. “A permanência no curso sinaliza uma escolha, que é acompanhada do compromisso com a especificidade que é cara às artes. Não só com o que é feito hoje, mas com o passado e com o que vem adiante”, escreve Eloisa Almeida, uma das estudantes e expositoras, na apresentação da mostra.

“Assim como ocorre a produção de pensamento crítico através das ciências exatas e filosóficas, as Artes se constituem também como uma forma de reflexão e criação de modo poético”, expõe Chriss Cass, outro artista que integra a exposição. “A exposição , tal como todas as exibições realizadas pelo Departamento de Artes no EdA, para além de dar visibilidade a produção discente, busca mostrar ao público essa multiplicidade de criações e pensamentos através da Arte, desde suas especificidades até suas interdisciplinaridades e transversalidades.”

O universitário conta que, durante a graduação no CAP, a interação das Artes com demais campos do conhecimento é bastante estimulada, o que fica perceptível em suas obras expostas. Em “Vitrine Botânica II” (2023), Chriss Cass expõe duas instalações da série “Nymphographia”. O trabalho apresenta livros e materiais botânicos resultantes de uma extensa pesquisa, iniciada em 2019, que une o mundo vegetal a experimentações artísticas.

“Comecei uma jornada de pesquisa técnica, poética e filosófica. Essa paixão me levou ao desejo de tornar aquele instante da floração ‘eterno’. Ao mesmo tempo, isso conduziu-me
a diversas reflexões sobre a duração da vida e das potencialidades da existência vegetal”, relata Chriss. “Conhecer sua morfologia e desenvolvimento, por meio de estudos teóricos e práticos, aliado à leitura de pensadores voltados às plantas, como Evando Nascimento, Emanuelle Coccia e Stefano Mancuso, inspiraram-me a pensar sobre formas de existência e resistência poéticas para o próprio ser humano.”

As obras, espalhadas em quatro salas do EdA, trazem em sua composição a expressão e a identidade de cada um dos jovens artistas. “São espaços desconjuntados, virtuais, que se apresentam sob focos alternados de luzes e sombras. Eles demarcam uma posição de insistência: na fixação na parede, na estrutura para se manter em pé, na pintura que delimita espaços indefinidos ao olhar, nos rostos replicados sem nome. São vultos do que foi esse percurso até agora”, escreve Eloisa.

A temporalidade é tema da série “Herdades” (2022-2023), de Mar Yamanoi. Em doze pequenos quadrados de madeirite, Yamanoi apresenta, gravadas em grãos de arroz, frases que revelam sentimentos e angústias inerentes à humanidade, como “tenho saudade do passado dos outros”, “sinto medo de perder o depois”, “sinto falta do que nunca vivi” e “o presente só existe na memória”.

Arisa Kemi, estudante do bacharelado em Artes Visuais, revela que “é maravilhoso poder concluir a graduação participando dessa exposição coletiva”. “Ver esses trabalhos prontos, iluminados e finalmente expostos em um espaço de arte é magnífico, me motiva a continuar com meu projeto, explorar mais ainda todas as questões que me intrigam como artista”, comenta.

Em , Arisa apresenta as obras “Faces” (2023) e “Eclipses” (2023), nas quais utiliza a técnica de pintura a óleo para representar a Lua, valorizando aspectos de transparência, luz e sobreposição de formas. A artista inicia o trabalho na fotografia, faz edições das imagens já pensando na composição final e, finalmente, realiza a pintura analisando questões cromáticas e misturando as cores diretamente nas telas. “Aos poucos vou tomando as decisões e moldando a imagem que quero. Gosto de pensar que essa prática é um diálogo meu com a pintura”, explica a estudante.

O que inspirou o trabalho, segundo Arisa, foi a reflexão sobre a pluralidade de significados que o satélite natural reflete nas pessoas. “A Lua nos acompanha desde o início dos tempos e ao redor do mundo ela ganha diferentes interpretações em variadas áreas do conhecimento”, conta. “Isso me fascina imensamente, afinal, todos temos histórias, memórias, referências, conhecemos músicas ou contos sobre a Lua.”

Algumas obras se destacam pela interatividade com o público. No espaçoso EdA, um único som, proveniente de um aparelho televisor, ecoa pelo local. “House of Secrets” (Demo) (2023), de Nathalia Oliveira, é um text adventure – narrativa interativa predominantemente apresentada em forma escrita, em que os jogadores usam comandos de texto para agir no ambiente e avançar na história – que o público pode acessar através de um QRCode.

Já em “Começo, Meio, Começo” (2023), Henrique Levy convida todos a tocar e reorganizar, conforme desejarem, as peças de cerâmica que compõem a obra. Durante a visita, é possível notar algumas interferências dos visitantes, como o empilhamento e enfileiramento de retratos idênticos e até mesmo “brincadeiras” com as formas, como a construção de pirâmides.

A exposição fica em cartaz até 15 de março, de segunda a sexta-feira, das 9h às 20 horas, no Espaço das Artes da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP (Rua da Praça do Relógio, 160, Cidade Universitária, em São Paulo). Entrada gratuita. Mais informações estão disponíveis no site da ECA.

*Sob supervisão de Marcello Rollemberg


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