Detalhe do trabalho de escavações, durante filmagens da websérie – Foto: Adriano Gambarini via Instituto Mamirauá
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Em 1º de março estreou nas redes a websérie Amazônia Pré-Colonial. Gravada pelo fotógrafo Adriano Gambarini em agosto do ano passado, a série exibe escavações inéditas realizadas na comunidade Boa Esperança, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã, segundo maior sítio arqueológico conhecido na região do Médio Solimões, no Amazonas. Com dois episódios, a produção é financiada pela Fundação Gordon and Betty Moore e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), além de ser fruto da parceria entre o Instituto Mamirauá e o Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP.
A pesquisadora Márjorie Lima, doutoranda pelo MAE, comenta sobre a relação de seu doutorado com as escavações realizadas em terras amazônicas. “As atividades fazem parte de dois projetos complementares, que cobrem nossas ações como grupo de arqueologia do Instituto Mamirauá. Minha questão no doutorado é levantar dados controlados sobre o período que nós, arqueólogos, denominamos cultura pocó-açutuba, cuja cronologia se estende entre o primeiro milênio antes de Cristo e os primeiros séculos do primeiro milênio depois de Cristo.”
“Queremos entender a relação das comunidades atuais com os sítios arqueológicos. Ao longo do lago Amanã, foram mapeados até agora mais de 40 sítios pré-coloniais (alguns são também do período colonial). Grande parte desses sítios é ocupada por comunidades ribeirinhas que lidam com os vestígios arqueológicos de maneira muito diversificada. E esse padrão de continuidade também é visto em outras regiões da Amazônia. Sabe-se hoje, por exemplo, que a maioria das grandes cidades amazônicas está sobre sítios arqueológicos (Santarém, Manaus, Belém). Essa relação de continuidade é larga e extensa e tem de ser melhor investigada”, completa.
Além dela, outros pesquisadores participaram da escavação, inclusive estrangeiros, na tentativa de investigar as dimensões espaciais e temporais da comunidade. No primeiro vídeo da série, o arqueólogo Eduardo Kazuo Tamanaha, do Instituto Mamirauá, fala sobre a importância dessa ação.
“Cerca de 70% do Estado do Amazonas não é conhecido arqueologicamente. O Médio Solimões, essa região em que está a Boa Esperança, é uma área sobre que se sabe muito pouco, e nós estamos conseguindo inseri-la dentro das pesquisas da arqueologia brasileira e da Amazônia como um todo também”, afirma Tamanaha.
A obra é dividida em dois únicos episódios e ainda não há planos para uma segunda temporada. Os episódios da série estão disponíveis no canal do Youtube e na página do Facebook do Instituto Mamirauá. Confira os dois episódios a seguir.
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Episódio 1: “Amazônia Pré-colonial – Boa Esperança”
Episódio 2: “Amazônia Pré-colonial – Arqueologia e conservação”
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