USP estuda resistência de “superidosos” à covid-19

Pesquisadores buscam entender as causas genéticas responsáveis pela diferença nas reações imunológicas de pessoas jovens e idosos

 15/07/2020 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 16/07/2020 às 17:40
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A covid-19 apresenta grande variabilidade clínica, atingindo tanto pessoas jovens, que desenvolvem formas letais da doença, até pessoas com mais de 80 anos, os chamados superidosos, que contraem a doença e se recuperam. Curiosos com essa diferença, que indica a influência de fatores genéticos, pesquisadores da USP estudam a resistência dos superidosos à covid-19, relacionando causas genéticas e reações imunológicas desses organismos.

A professora Mayana Zatz, do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências (IB) da USP e coordenadora do Centro de Pesquisas sobre Genoma Humano e Células-Tronco, conversou com o Jornal da USP no Ar sobre esse estudo. Ela conta que a diferença entre a intensidade das reações a uma doença é regulada por nossos genes, e que, mesmo antes da pandemia, os pesquisadores do centro já realizavam pesquisas que mostravam que pacientes com as mesmas mutações genéticas podiam apresentar formas graves ou leves da mesma doença, além de estudos que acompanham as vidas de superidosos.

“Quando começaram a sair as primeiras notícias de pessoas com mais de 90 anos que tiveram covid-19 e se curaram, isso foi ao encontro do que nós já estávamos estudando. O que estamos vendo é que algumas pessoas possuem um perfil genético que as fazem resistir a qualquer ‘desaforo’ do ambiente, inclusive ao coronavírus”, explica Mayana. Amostras estão sendo coletadas para se tentar explicar o mecanismo que oferece essa resistência, considerando pessoas jovens que vão a óbito, mesmo sem comorbidades, e as pessoas assintomáticas e resistentes.

Várias linhas de pesquisa relacionadas à resistência ao coronavírus estão sendo realizadas, incluindo a análise de populações. A professora explica que “nos bancos de dados internacionais, geralmente as informações são de populações europeias, mas estamos encontrando várias diferenças na nossa população, que é etnicamente diversa”, e que ainda existem muitas dúvidas a respeito da imunidade ao SARS-CoV-2, dependentes de tempo e recursos para descobrir os fatores genéticos envolvidos.

Os estudos estão focados na análise da resistência de superidosos, bem como de pessoas que convivem, como casais, nos quais um dos indivíduos contraiu a doença e o outro não. Caso seja o seu caso, é possível participar das pesquisas do Centro de Estudos como voluntário. Para isso, basta enviar um e-mail para estudocovid@gmail.com.

Saiba mais detalhes ouvindo a entrevista na íntegra.


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