Nova terapia melhora qualidade de vida de pacientes com Parkinson

Aplicações feitas com o aparelho Vacum Laser amenizaram dores musculares e o desconforto causado pelos tremores provocados pela doença

 22/07/2020 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 29/07/2020 as 20:22
Por
Foto: RadioAlfa/Flickr CC

Segundo o pesquisador, não se trata da cura para a doença, mas um tratamento complementar que trouxe conforto e bem-estar ao indivíduo – Foto: RadioAlfa/Flickr CC

Pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP desenvolveram uma nova técnica para tratamento de pacientes com Parkinson. O novo protocolo, que combina laser e pressão negativa, permitiu trazer de volta mais qualidade de vida aos parkinsonianos, amenizando as dores musculares e o desconforto causado pelos tremores provocados pela doença neurológica.

Professor Antônio Aquino, um dos pesquisadores da USP envolvidos no projeto que testou novo tratamento para pacientes com Parkinson.
Professor Antônio Aquino, um dos pesquisadores da USP envolvidos no projeto que testou novo tratamento para pacientes com Parkinson – Foto: Arquivo pessoal do Pesquisador

Um dos pesquisadores envolvidos no projeto é o pós-graduando Antônio Aquino, orientando do professor Vanderlei Bagnato, do IFSC. A aplicação é feita por meio do Vacum Laser, um aparelho desenvolvido há três anos pelo Grupo de Óptica, do IFSC, e que até então era utilizado, principalmente, para procedimentos estéticos.

Mais recentemente, o Vacum Laser foi testado experimentalmente pelos pesquisadores para reabilitação física, explica  Aquino ao Jornal da USP.  O aparelho combina em uma única plataforma o vácuo (sucção) por ventosas que provocam pressão negativa no local em que está sendo aplicado e o laser de forma concomitante centralizado na ventosa.

A doença de Parkinson é degenerativa e progressiva, e atualmente não existe cura. Os cuidados médicos têm sido na linha paliativa dos sintomas que surgem no decorrer do tempo: tremores involuntários, lentidão dos movimentos, passos arrastados, rigidez e atrofia muscular. No dia a dia, aos poucos, as pessoas vão deixando de ter autonomia. Sentem muitas dores e deixam de realizar movimentos básicos como caminhar e levantar de uma cadeira, além de dificuldades em falar e ingerir alimentos.

Segundo o pesquisador, que é também coordenador da Unidade de Terapia Fotodinâmica do IFSC, não se trata da cura para a doença, mas um tratamento complementar que trouxe conforto e bem-estar aos pacientes. 

Para chegar aos resultados, os pesquisadores acompanharam três grupos de parkinsonianos. O primeiro recebeu aplicações somente de laser; o segundo, aplicações de pressão negativa com ventosa; e o terceiro, as duas terapias associadas. Os pacientes do terceiro grupo obtiveram melhores resultados em seu estado de saúde. 

As pessoas que foram tratadas com as aplicações combinando as duas terapias (laser e pressão negativa) tiveram redução acentuada das dores provocadas pele rigidez muscular e diminuição dos tremores involuntários.

“Após algumas sessões feitas por um profissional de fisioterapia, muitos deles resgataram a autonomia e voltaram a realizar atividades cotidianas e a se alimentar sem dificuldade”, relata o pesquisador ao
Jornal da USP.

Foto: Arquivo pessoal do Pesquisador
Foto: Arquivo pessoal do Pesquisador

Em setembro, os pesquisadores começarão a fazer novas fases de testes com um número maior de pessoas, mas o protocolo já está liberado para uso.

Foto: IFSC-USP

O “laser é capaz de promover tanto a analgesia quanto  ação anti-inflamatória, beneficiando o paciente que já está sob ação da pressão negativa, o que proporciona relaxamento por meio da sucção do músculo, de modo a realizar uma massagem sem que seja necessário pressionar a musculatura que já está em contínuo estresse”, explica o pesquisador ao Jornal da USP.

Aquino lembra que o tratamento deve ser associativo, ou seja, o paciente deve continuar com o acompanhamento convencional com o neurologista, a especialidade médica indicada para fazer o diagnóstico, e traçar uma conduta de tratamento para a doença. O novo protocolo de tratamento foi desenvolvido por pesquisadores do IFSC em parceria com o Centro Universitário Central Paulista (Unicep) e a Univesidade Martin Luther-Halle (Alemanha). Artigo sobre o tema saiu publicado na revista Journal of Alzheimers Disease & Parkinsonism Can the Associated Use of Negative Pressure and Laser Therapy Be A New and Efficient Treatment for Parkinson’s Pain? A Comparative Study.

Mais informações: e-mail antonioaquino@ifsc.usp.br, com o professor Antônio Aquino.

Doença de Parkinson

A doença é crônica, neurológica e progressiva e atinge cerca de 150 mil pessoas no Brasil e aproximadamente e 1% da população mundial.

As causas da doença estão relacionadas à morte das células cerebrais responsáveis pela produção de dopamina, um neurotransmissor que tem entre outras funções o controle dos movimentos voluntários.

Os que são acometidos pelo mal de Parkinson começam com lentidão dos movimentos, tremores nas extremidades das mãos, rigidez muscular, acinesia (redução da quantidade de movimentos), distúrbios da fala, dificuldade para engolir, depressão, dores, tontura, distúrbios do sono, respiratórios e urinários.

Até o momento, não existem drogas que possam curar ou evitar de forma efetiva a progressão da degeneração de células nervosas que causam a doença. O tratamento tem sido feito por multiprofissionais, incluindo neurologista, psicólogo, fisioterapeuta e fonoaudiólogo.


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.