Em artigo publicado na revista Scientific Reports, pesquisadores da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia investigaram o impacto da produção elétrica, considerando a sua densidade anual de energia. Isto é, eles calcularam a energia produzida por cada modalidade energética e a dividiram pelo espaço ocupado pelas usinas elétricas de cada tipo, tornando possível apontar quais fontes de energia são mais ou menos eficientes em relação à sua área.
De acordo com o estudo, a fonte de energia renovável de maior densidade energética é a hidroelétrica e a não renovável é a nuclear. Para chegar a esse resultado, foram analisados dados de 870 usinas elétricas. Não foram considerados impactos ambientais além da área ocupada pela matriz energética, como, por exemplo, a emissão de gases causadores do efeito estufa.
Para Ricardo Galvão, professor do Instituto de Física (IF) da USP e atual presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o resultado da energia nuclear é interessante. Além de possuir uma alta densidade energética, essa fonte de energia não emite gases do efeito estufa. Contudo, ele argumenta que “quando a única opção é queimar combustíveis fósseis, eu considero melhor usar nuclear”.
Segundo o professor, comparado a outros países, o Brasil está em uma posição “bem confortável” quanto à produção de energia limpa. Porém, essa produção é intermitente, ou seja, oscila em diferentes épocas do ano. Para suprir essa deficiência, é necessária uma base constante de energia, que hoje é composta majoritariamente de combustíveis fósseis. “Essa base constante tem que ser mantida, e o melhor é usar a energia nuclear, que polui menos. No entanto, não deve ser mais do que 5% de toda a matriz energética nacional”, defende Galvão.
O artigo destaca que cerca de 80% da energia produzida mundialmente provém de combustíveis fósseis e constata que até 2050, se os esforços para zerar as emissões de gases do efeito estufa continuarem, a área territorial dedicada à produção de energia deve sextuplicar.
Os desafios impostos a cada país são únicos em suas condições sociais e geográficas. Entretanto, o especialista reforça a posição privilegiada em que o Brasil se encontra, “70% da nossa matriz elétrica vem da produção de hidrelétricas, mas também estamos avançando substancialmente na produção de energia eólica e energia fotovoltaica”.