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“Inovação tecnológica para construção de barragens de mineradoras” e “maior controle para minimizar riscos de acidentes” foram algumas das recomendações propostas pelo relatório encomendado pelo governo do Estado de São Paulo à Escola Politécnica (Poli) da USP e a outros órgãos especializados. Os resultados desse estudo foram apresentados no workshop Barragens de Mineração no Estado de São Paulo: avaliação das ações e controles, no dia 9 de março, na Cidade Universitária.
Embora a maioria das 22 barragens paulistas não esteja enquadrada na categoria de alto risco, algumas delas, como a de Cajati, que fica no Vale do Ribeira e produz fosfato, tem a classificação de “Dano potencial associado alto”. Mesmo estando com esta indicação, a Defesa Civil está atenta e trabalhando em ações preventivas para possíveis emergências, informa José Jaime Sznelwar, ex-aluno da Poli e atual subsecretário de Mineração da Secretaria Estadual de Energia e Mineração de São Paulo, que esteve na abertura do workshop. O subsecretário ressaltou ainda a importância de ter vindo buscar no corpo técnico acadêmico da USP soluções tecnológicas para problemas de segurança das barragens. “Os estudos são feitos de forma integrada envolvendo várias áreas do conhecimento”, explica.
Os critérios para classificação das barragens são “Categoria de risco” e “Dano potencial associado”. A primeira nomenclatura diz respeito aos aspectos estruturais da barragem – projeto, integridade da estrutura, estado de conservação, operação e manutenção, por exemplo; a segunda, “Dano potencial associado”, está relacionada aos impactos sociais caso haja um acidente – rompimento, infiltração ou vazamento – que provoque perda de vida humana, impactos econômicos e ambientais, explica a engenheira Maria Eugênia Gimenez Boscov, professora e vice-chefe do Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotécnica da Poli.
Maria Eugênia foi uma das palestrantes do evento e tratou sobre as novas tecnologias voltadas para construção de barragens. Segundo a engenheira, o investimento empregado pelas empresas na instalação das barragens não acompanha a evolução tecnológica dos projetos de mineração. “A construção de barragens é um processo continuado e deve ser estendido por todo o período de atividade da mineradora.” O objetivo, segundo ela, é possibilitar o acompanhamento dos resultados e possíveis modificações e aprimoramentos do projeto inicial. Além deste processo, deve ainda haver um monitoramento geotécnico e uma análise de estabilidade atualizada para minimizar riscos de acidentes, acrescentou.
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Em sua apresentação, a engenheira mostrou três sistemas construtivos de barragens, cada uma com sua capacidade de armazenamento de rejeitos de mineração e com suas respectivas vantagens e desvantagens.
Giorgio de Tomi, chefe do Departamento de Minas e de Petróleo (MPI), disse que a indústria mineradora “está em transformação e precisa sair das práticas do século 19 para as ações inovadoras do século 21. Novas tecnologias tanto podem ajudar na construção e segurança das barragens quanto no menor consumo de água das atividades mineradoras e na redução e aproveitamento de rejeitos e resíduos”, concluiu.
Perfil das mineradoras paulistas
De acordo com dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), no Estado de São Paulo existem mais de 2,8 mil mineradoras de pequeno porte habilitadas para atividade de mineração e 22 barragens em funcionamento. Diferentemente de outros Estados brasileiros que têm seu foco em recursos minerais metálicos, a produção paulista é voltada principalmente para insumos da construção civil (areia, rocha para brita, argila, cerâmica) e para a atividade agrícola (corretivos e fertilizantes).
Mais informações: janaina@acadêmica.jor.br, tel. (11) 5549-1863, com Janaina Simões, Assessoria de Imprensa da Poli