Estudo premiado indica melhor método para tratar retinopatia diabética

Pesquisa que compara três tratamentos para retinopatia diabética dá prêmio a pesquisadores do Hospital das Clínicas em Ribeirão Preto

 14/08/2017 - Publicado há 7 anos     Atualizado: 06/09/2017 as 15:29
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Técnica tradicional apenas com laser de uma mira pode acabar provocando o descolamento da retina – Foto: Mikael Häggström / WikiJournal of Medicine
Com estudo que comparou três tipos de tratamento para retinopatia diabética, pesquisadores do Setor de Retina e Vítreo do HCFMRP receberam o prêmio Oral Bravs Award – 2017 Retinal no 42º Congresso Brasileiro da Sociedade de Retina e Vítreo. Na imagem, o professor Rodrigo Jorge – Foto: Divulgação

Uma equipe do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP avaliou três tipos de tratamento para retinopatia diabética, lesão na retina causada pela diabete que pode levar à cegueira. A comparação entre o laser tradicional (somente uma mira); apenas uso de medicamento; e o laser de miras múltiplas associado ao medicamento indicou como mais vantajoso o último método.

Os resultados foram apresentados no trabalho Função da Retina nos Olhos com Retinopatia Diabética Proliferativa Tratada com Ranibizumab intravítrea e/ou Fotocoagulação Panretina a Laser, que ganhou prêmio Oral Bravs Award – 2017 Retinal durante o 42º Congresso Brasileiro da Sociedade de Retina e Vítreo, ocorrido em abril no Rio de Janeiro.

O estudo é de autoria dos professores Rodrigo Jorge, André Messias e dos pesquisadores Katharina Messias e Rafael De Montier Barroso.

O professor Rodrigo Jorge conta que a retinopatia diabética destrói as bordas da retina, que ficam sem suprimento sanguíneo e sofrem uma espécie de“necrose”. O tratamento convencional a LASER visa destruir esta retina necrótica. Assim, a pessoa perde a visão periférica. “Essa técnica queima células em sofrimento na margem da retina para salvar a visão principal. O paciente perde a visão periférica, mas o centro da retina fica preservado”, explica o professor.

A retina periférica necrótica produz uma proteína chamada VEGF. Esta proteína tem como objetivo principal a formação de novos vasos numa tentativa desesperadora do tecido em melhorar sua nutrição. Estes vasos formados as pressas possuem paredes finas e são acompanhados de tecido cicatricial, que pode enrugar e descolar a retina.

O nosso estudo mostrou que nem todas as células na retina periférica dos diabéticos estão mortas, mas quando é realizado o tratamento com LASER convencional, destrói-se grande parte delas. Isto faz com que o paciente perca grande parte da visão periférica.

Já quando tratamento é realizado somente com medicamento, a droga Ranibizumabe, a retina tem maior preservação da área periférica. “Isso não significa que se deve abandonar o laser”, alerta o professor. Para ele, a melhor indicação é a mescla do tratamento medicamentoso com o uso de um laser com múltiplas miras (em pontos específicos planejados pelo computador), o que não causa tanta perda de função.

Rosemeire Talamone, de Ribeirão Preto


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