Benefícios do tratamento multidisciplinar de reabilitação após um acidente vascular cerebral

Artigo publicado na “Revista de Medicina” mostra que a reabilitação e diagnóstico precoces podem aumentar autonomia dos pacientes no autocuidado e na realização de atividades diárias

 11/10/2022 - Publicado há 2 anos

Foto: Pexels

 

Margareth Artur, da Agência de Bibliotecas e Coleções Digitais da USP

Quais as perspectivas de recuperação e de reabilitação, e quais são as sequelas, leves ou graves, de quem sofreu um acidente vascular cerebral (AVC)? Esse foi o tema de uma pesquisa realizada com 64 pessoas de ambos os sexos que sofreram AVC e apresentaram redução de movimentos corporais, problemas relacionados à fala, dores e incontinência urinária. Os resultados foram publicados no artigo Índice de independência funcional de pacientes pós-acidente vascular cerebral submetidos a um programa de reabilitação multiprofissional disponível na Revista de Medicina.

Os pacientes participaram de um programa de reabilitação multiprofissional em um hospital público de Curitiba com assistentes sociais, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, neurologistas, psicólogos e nutricionistas. Ao final, após análise do nível de independência funcional de cada um deles, verificou-se um “potencial de resgate na autonomia e qualidade de vida”.

O estudo comprovou os benefícios do tratamento, que propõe uma recuperação da “independência funcional em pacientes pós-acidente vascular cerebral de artéria cerebral média”. Os autores dizem que “a participação no programa refletiu em ganho de autonomia no autocuidado e na realização de atividades diárias pelos pacientes”.

O AVC é uma alteração súbita do fluxo sanguíneo cerebral, que priva os neurônios de receber oxigênio e nutrientes essenciais de forma adequada. Em alguns minutos, as células do cérebro acometido começam a morrer e, se não tratado adequadamente, o dano se torna irreversível. É uma doença que atinge mais os homens e é uma das principais causas de morte, incapacitação e internações em todo o mundo.

Existem dois tipos de AVC: o isquêmico, quando há o bloqueio de uma artéria, impedindo que o sangue chegue até o cérebro; e o hemorrágico, que ocorre quando há ruptura de um vaso intracraniano. Hipertensão arterial, obesidade, consumo de cigarros, o diabetes mellitus (aumento de glicose no sangue), a anemia falciforme (hereditária), falta de atividades físicas e as comorbidades diversas são apontados como as principais causas da doença. Diante do perigo de óbitos pela doença ou sequelas de incapacidade, um programa específico de tratamento de reabilitação é fundamental.

A incapacidade, como nos informam os autores, é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como resultado da “interação dinâmica e complexa” entre condição de saúde, fatores pessoais e ambientais. No intuito de se criar um programa de tratamento eficaz de reabilitação para pacientes que sobreviveram ao AVC, é imprescindível a formação de uma equipe multidisciplinar hospitalar, sempre visando à independência do paciente e de seus familiares, pois não se pode ignorar as sequelas da doença nos diversos âmbitos da vida.

Os autores relatam, ainda, que o Ministério da Saúde orienta tratamento prematuro de reabilitação no pós-AVC em centros especializados, recurso que “pode reduzir as incapacidades e promover retorno precoce às  suas atividades”, proporcionando melhora significativa na capacidade de independência. Ressalta-se, na pesquisa, que os métodos e critérios de “reabilitação multiprofissional” não obtiveram sucesso total.

O artigo enfatiza, também, a importância de novas pesquisas sobre o tema, com o objetivo de pôr em pauta os resultados dos tratamentos e avaliar em qual medida a prática de atividade física, a obesidade e os fatores sociais podem influenciar na recuperação dos pacientes.

Outra recomendação é a prevenção, o diagnóstico precoce, o procedimento e os recursos de cura oferecidos no âmbito hospitalar.

Artigo

GENTILINI, G. L.; SANTA, L. N. de; VEDOVATTO, M. B.; HIRAI, P.; KLAUMANN, V. C.; PURIM, K. S. M.; NISIHARA, R. M. Índice de independência funcional de pacientes pós-acidente vascular cerebral submetidos a um programa de reabilitação multiprofissional. Revista de Medicina, São Paulo, v. 101, n. 4, e-174732, 2022. ISSN: 1679-9836. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v101i4e-174732. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revistadc/article/view/174732. Acesso em: 30 ago. 2022.

Contatos

+ Mais

Desobstrução arterial e novo trombolítico são armas para sequelas graves de AVC

“Uma em cada quatro pessoas terá um AVC ao longo da vida”

Frentes frias podem aumentar mortalidade por AVC

Gabriela Luiza Gentilini – Universidade Positivo, Curitiba, PR.

gabriela_gentilini@hotmail.com

Larissa Nicolini de Santa – Universidade Positivo, Curitiba, PR.

laridesanta@hotmail.com

Mônica Baratto Vedovatto – Universidade Positivo, Curitiba, PR.

monicavedovatto@hotmail.com

Paula Hirai – Universidade Positivo, Curitiba, PR.

paula_hirai@hotmail.com

Valquíria Custodio Klaumann – Universidade Positivo, Curitiba, PR.

valquiria.ck@gmail.com

Kátia Sheylla Malta Purim – Universidade Positivo, Curitiba, PR.

kspurim@gmail.com

Renato Mitsunori Nisihara – Universidade Positivo, Curitiba, PR.

renatonisihara@gmail.com


Revistas da USP
A seção Revistas da USP é uma parceria entre o Jornal da USP e a Agência USP de Gestão da Informação Acadêmica (Águia) que apresenta artigos de autores de diversas instituições publicados nos periódicos do Portal de Revistas USP.

.


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.