Almofadas hospitalares criadas na USP serão produzidas em escala comercial

Os coxins hospitalares servem justamente para garantir conforto na posição e incrementar as trocas gasosas do pulmão, possibilitando a sobrevivência

 12/03/2021 - Publicado há 3 anos     Atualizado: 19/03/2021 as 7:27
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Os coxins anatômicos funcionam como uma almofada e são indicados para tratamento de pacientes de covid-19, com evolução de insuficiência respiratória grave – Foto:  equipe de desenvolvimento FOM

 

Em uma parceria entre Escola Politécnica (Poli) da USP, Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e setor privado, pesquisadores desenvolveram almofadas hospitalares capazes de aumentar a sobrevida de pacientes em estado grave de covid-19. Quando pacientes são internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com insuficiência respiratória ocasionada pela infecção, há a necessidade de posicioná-los de bruços para incrementar as trocas gasosas pulmonares, tornando os coxins hospitalares essenciais para garantir o conforto do paciente intubado, evitar o surgimento de feridas na pele e proporcionar melhor respiração. No entanto, devido à alta demanda, havia a necessidade de aumentar o número de almofadas disponíveis, pois, inicialmente, o objetivo inicial era o de atender os pacientes do próprio Hospital das Clínicas, ideia que acabou se ampliando para abarcar também pacientes de todos os hospitais, tanto dentro quanto fora do País, uma situação que só a produção em escala comercial poderia contemplar.

No âmbito desse esforço, e como retribuição pelo compartilhamento do conhecimento, a FOM irá doar para uso do HC 100 conjuntos completos desses produtos, num total de 400 unidades, a partir inclusive de um contrato assinado entre a USP, o Hospital das Clínicas e a empresa acima mencionada, acordo esse feito pela Agência USP de Inovação. No entanto, surgiu por parte da FOM a necessidade de ajustes no produto, a ser feito sob novo contrato, a partir do qual a verba resultante da comercialização será revertida para o HC e a USP.

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Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Douglas Gouvêa, do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Escola Politécnica (Poli) da USP, explica que o projeto só foi possível  graças à parceria entre a Universidade e a iniciativa privada. Para desenvolver as almofadas, diversos aspectos precisam ser considerados: “Discutimos quais seriam os pontos críticos da elaboração desse dispositivo que, na verdade, são quatro almofadas: para a cabeça, para o tronco, para o quadril e para as pernas. Cada parte com suas particularidades. Partimos disso sabendo que a cabeça é a parte mais complicada, onde surgem as úlceras que mais requerem atenção.”

A região da cabeça é uma das que mais precisam de atenção quando o paciente intubado está posicionado de bruços, porque é nessa região onde se conectam os tubos de oxigênio, sonda para alimentação e cânulas para medicamentos. A cada quatro horas, a cabeça do paciente precisa ser movimentada para a esquerda ou para a direita, a fim de evitar ferimentos graves e garantir o funcionamento da tubulação, como informa Kelly Cristina Stéfani, do Centro de Inovações Tecnológicas do Instituto Central do Hospital das Clínicas e uma das responsáveis pelo projeto: “Geralmente fica de 12 a 18 horas de bruços e tem que adaptar para que os tubos não sejam desconectados. Tudo isso é feito com muito cuidado em um paciente crítico.”

Segundo Kelly, a chance de sobrevivência do paciente em estado grave é aumentar as trocas gasosas no pulmão, o que é propiciado com o uso dos coxins hospitalares: “A hora que o paciente é adaptado em cima dessas almofadas, há melhora dessa capacidade, ou seja, realmente tira o paciente da insuficiência respiratória grave, levando condições melhores de respiração para que o paciente possa sair da ventilação mecânica”. Além disso, as almofadas evitam úlceras e feridas que podem ser profundas e necessitarem de cirurgia. “Essas simples almofadas proporcionam a sobrevida de pacientes e diminuição de tempo de internação hospitalar. Cada paciente que sai mais rápido dos hospitais, libera um leito de UTI para novos pacientes. Essa rotatividade de leitos é importante para esse momento da pandemia”, finaliza.


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(Texto atualizado em 15.03, às 14h30mim).


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