USP tem rede de professoras e pesquisadoras pelo fim da violência sexual e de gênero

Evento on-line, com a participação de professores do campus de Ribeirão Preto, reuniu mais de 200 pessoas entre palestrantes e inscritos e ofereceu análises introdutórias aos problemas relacionados ao conceito de gênero

 02/12/2020 - Publicado há 4 anos
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Curso de Difusão - Rede não Cala

 

Promover encontros com docentes de todas as áreas do conhecimento para oferecer análises introdutórias aos problemas relacionados ao conceito de gênero foi o principal objetivo do curso de difusão Problemas de Gênero, promovido pela Rede Não Cala USP.  O evento reuniu mais 200 participantes, entre palestrantes e inscritos. “O fato de ter sido oferecido em formato on-line abriu a possibilidade para que profissionais de diversas áreas e os participantes puderam acompanhar as pesquisas desenvolvidas pelas professoras ligadas à Rede Não Cala o que, para nós, foi uma excelente experiência”, conta a professora Silvana de Souza Ramos, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, uma das organizadoras do evento.

Os encontros aconteceram com aulas expositivas, leituras e discussão de textos, debate, análise de filmes, apresentação de casos e depoimentos. “É importante salientar que houve um enorme interesse pelo curso: as vagas foram preenchidas em poucos minutos, quase que instantaneamente”, conta.

O curso debateu questões, como: gênero e sexualidades; gênero, corpo e produção de subjetividade; feminismos negros e intelectuais negras; natureza e criação; masculinidades e machismo; gênero e saúde; gênero e violência; gênero e direito; gênero e educação; gênero e mídia; gênero, literatura e psicologia; gênero, corpo e esporte; gênero, modernidade e capitalismo; e relações de gênero na Universidade.

De acordo com a organizadora, a experiência foi inovadora por permitir uma verdadeira troca de vivências e de conhecimento entre as mais variadas áreas do saber e pela participação de alunos/as e monitores/as, que levantaram questões, partilharam saberes, bibliografias e experiências.  “Creio que a experiência desse curso é um marco na atuação da Rede Não Cala, mas também um marco na experiência de ensino e pesquisa para aquelas que estavam nele envolvidas. Por isso, já estamos trabalhando na organização de uma publicação dos conteúdos produzidos e em novas edições do curso para o próximo ano”, completa.

O curso, que começou no dia 8 de outubro e foi finalizado no dia 26 de novembro, contou com a participação das professoras Maria Paula Panúncio Pinto do Departamento de Ciências da Saúde; Elisabeth Meloni Vieira e da pós-graduanda Deise Maito, ambas do Departamento de Medicina Social; todas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.

Rede Não Cala

A Rede de Professoras e Pesquisadoras pelo Fim da Violência Sexual e de Gênero na USP é um movimento social de combate à violência sexual e de gênero nos diversos departamentos da Universidade. “A primeira reunião aconteceu em abril de 2015 na Faculdade de Medicina (FM) da USP e reuniu cerca de 80 professoras, que já trabalhavam com questões de gênero, feminismo, mulheres ou direitos humanos”, conta a professora Heloisa Buarque de Almeida da FFLCH, uma das coordenadoras da Rede.

Atualmente, a Rede Não Cala possui mais de 200 participantes e “nasceu da necessidade que as professoras sentiram de enfrentar e não se calar diante de situações de violência na Universidade”, afirma Heloisa. O grupo atua em três eixos: debater a ideia de criação de um centro de referência com profissionais capacitados para atender, de forma integral, pessoas que se sentiram agredidas; criar ideias para a reformulação das sindicâncias e processos administrativos da instituição; e desenvolver ações educativas de conscientização para a comunidade USP.

Heloisa conta que a Rede foi uma iniciativa importante para dar visibilidade ao tema em outras instituições de ensino. “Tivemos um impacto positivo nas universidades públicas estaduais e federais, mas cada uma terá que enfrentar a questão internamente com o objetivo de diminuir a violência.”

Além disso, ela destaca que os coletivos e o movimento feminista foram essenciais para o grupo. “Algumas violências eram naturalizadas e hoje as mulheres conseguem ter uma reflexão maior do que é violência e agressão, porque tem uma noção maior de direitos”, finaliza.

Mais informações sobre o evento e a Rede Não Cala aqui.


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