Conhecido por atletas profissionais como forma de aliviar a fadiga muscular, o gelo apresenta diversos benefícios ao organismo. No entanto, a técnica ganhou novos adeptos e pode ser abordada para aliviar o estresse e a ansiedade. Entrar em uma banheira de gelo é muito mais comum do que imaginamos após o desempenho de exercício físico de alta intensidade. O uso do gelo, seja imergindo o corpo numa banheira ou aplicando em um local específico do mesmo, é uma prática recorrente na recuperação de atletas com fadiga.
Essa técnica, chamada de crioterapia, é uma prática terapêutica que consiste no tratamento de lesões e dores no corpo através de baixas temperaturas, já que diminui o fluxo sanguíneo do local e promove a vasoconstrição. Apesar de estar diretamente ligada ao físico, a prática também é atrelada a outras funções, como a redução do estresse e da ansiedade.
Segundo o professor de Psicologia José Aparecido da Silva da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, especificamente em relação à ansiedade, essa funcionalidade atua como um mecanismo de ação para tentar reduzir o fluxo sanguíneo. “Em grande parte, ela tem sido utilizada como analgesia, para reduzir a dor e, provavelmente, melhorar a condução neural”, declara.
Além disso, existem outras maneiras de aplicar o gelo para o tratamento emocional. Durante uma crise de ansiedade, por exemplo, alguns especialistas indicam que os pacientes segurem uma pedra de gelo na mão. Dessa forma, a atenção passa a ser a sensação que o gelo causa na pele, desviando o foco dos sintomas da crise.
Estratégia de distração
A estudante de Fisioterapia Larissa Zumstein, de 19 anos, conheceu a técnica do gelo. Ela diz que, entre seus 13 e 15 anos, foi diagnosticada com transtorno de personalidade borderline. Larissa confessa que era uma pessoa muito ansiosa e depressiva e que, para aliviar tudo o que sentia, se automutilava.
Ao inserir a prática de segurar uma pedra de gelo durante suas crises, a estudante evitava que se machucasse. “Sempre que vinha aquela vontade de me automutilar eu tentava usar essas estratégias, até mesmo de tomar um banho supergelado, o que ajudava também”, relata.
De acordo com ela, trata-se de uma boa estratégia para distração. “É importante você observar os detalhes, sentir o gelo em contato com a pele, observar o gelo derreter e a sensação que ele causa”, pontua Larissa.
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