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Alunos de escola pública de Ribeirão Preto, sob coordenação de docentes da USP, ganham prêmio internacional no Peru
Grupo vencedor é formado por alunos da Etec José Martimiano da Silva e coordenado por pesquisadores da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto
Escola Técnica Estadual (Etec) José Martimiano da Silva, escola dos alunos premiados na categoria de Educação Secundária no primeiro Concurso Latinoamericano de Projetos “Nós Propomos” – Foto: Reprodução/Facebook/Etec José Martimiano da Silva – Ribeirão Preto
Ao analisar o dia a dia de uma comunidade da periferia de Ribeirão Preto e propor soluções para a melhoria da qualidade de vida das pessoas que nela residem, alunos da Escola Técnica Estadual (Etec) José Martimiano da Silva, também de Ribeirão Preto, acabam de ser premiados com o primeiro lugar na categoria de Educação Secundária no primeiro Concurso Latinoamericano de Projetos “Nós Propomos”, realizado pela Universidade de Trujillo, no Peru.
Os estudantes receberam o prêmio pelo trabalho desenvolvido no projeto Nós Propomos! Por um Espaço Público Saudável: Estudo do Bairro Eugênio Lopes em Ribeirão Preto/SP, iniciativa originalmente concebida na Universidade de Lisboa pelo professor e pesquisador em Geografia Humana Sérgio Claudino, que tem como propósito fomentar a reflexão e promover práticas educativas no âmbito da história e geografia, voltadas para questões locais e do cotidiano.
Os estudantes foram orientados pelos pesquisadores do Grupo de Estudos da Localidade (ELO) da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, como Odair Ribeiro de Carvalho Filho, que também é docente da Etec e mestre em Educação pela FFCLRP, com coordenação da professora Andrea Lastória da FFCLRP e da graduanda em Pedagogia Juliana Rodrigues de Lima, bolsista do Programa Unificado de Bolsas (PUB) da USP.
Projeto vencedor

Andrea Coelho Lastória – Foto: Lattes
O local, de acordo com os resultados, é cuidado pelos próprios moradores e a proposta da equipe é a sua transformação em um espaço comunitário público, com instalações recreativas e educacionais como quadras, equipamentos de ginástica, parquinho infantil e demais atividades de lazer.
A proposição realizada pelo projeto é embasada em leis nacionais e estaduais, como a Política Nacional de Resíduos Sólidos e a Política Estadual de Resíduos Sólidos em São Paulo, além do Decreto 312/2016 do município, sobre o uso de parques municipais e a disponibilização de área pública destinada à lazer, e a garantia constitucional de bem-estar social aos cidadãos.
O desenvolvimento dessas proposições é um dos objetivos do Nós Propomos!, refletindo soluções para os desafios enfrentados nos ambientes urbanos e construção de visão crítica da geografia urbana. “Os estudantes passam a ter maior protagonismo e o diálogo entre os conteúdos curriculares e o espaço vivido é ampliado”, conta a professora Andrea, do curso de Pedagogia da FFCLRP e coordenadora do Grupo de Estudos da Localidade (ELO), destacando o êxito que o projeto tem alcançado no contexto educacional ibero-americano.
A equipe ribeirão-pretana vencedora é formada pelos alunos Fábio Tiburcio, Gustavo Alvares, Hugo Carvalho, Letícia Rocha, Victor Chinarello e Vitor Hugo Carvalho, do Ensino Médio Integrado ao Técnico (M-tec) em Administração da Etec José Martimiano da Silva da autarquia estadual paulista Centro Paula Souza.

Alunos premiados da Escola Técnica Estadual (Etec) José Martimiano da Silva - Fotos: Arquivo Pessoal
O Nós Propomos!
A iniciativa criada pelo professor protuguês Sérgio Claudino expandiu-se para a Espanha e depois para as Américas, onde, além do Brasil, encontra-se em desenvolvimento em países como a Colômbia, Peru, Chile, Venezuela, México, entre outros. Em Ribeirão Preto, foi implementado em 2018 na Etec, por meio do Grupo de Estudos da Localidade (ELO).
O professor Odair Carvalho Filho entende que os estudantes do ensino médio devem ser protagonistas na busca pelo entendimento da realidade que vivem, justificando a colaboração com os adolescentes. “O estudante entende o seu lugar na constituição histórica e espacial, ele estuda problemas relativos a esse lugar com base em referenciais teóricos da geografia e da história e, ao final de um processo, propõe intervenção nesse lugar”, explica.

Odair Ribeiro de Carvalho Filho - Foto: Arquivo Pessoal
Para os professores, o projeto motiva outros estudantes a refletir sobre questões dos espaços públicos por meio da geografia. “Várias das proposições são merecedoras de atenção por parte do poder público e devem, portanto, ser implementadas”, frisa Andrea. Já Carvalho Filho acredita que o prêmio é uma certificação de que o ensino público e de qualidade “promove uma formação cidadã de fato com frutos produtivos”, e que o momento é de revisão teórica e metodológica dos levantamentos para apresentação das propostas ao município.
*Estagiário sob supervisão de Rose Talamone
**Estagiária sob supervisão de Moisés Dorado

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