Unidades Básicas de Saúde precisam de mais financiamento para conciliar as precariedades regionais

De acordo com Aylene Bousquat, as UBS no país encontram dificuldades no que se refere a quantidade de equipes de Saúde da Família, conexão com a internet e disponibilidade de aparelhos eletrônicos e de testes para covid-19

 27/07/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 02/08/2022 às 10:59
Foto: ASCOM HGT via Fotos Públicas
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A pesquisa “Desafios da Atenção Básica no enfrentamento à pandemia de Covid-19 no SUS”, conduzida por pesquisadores da USP, Fiocruz, UFPEL, UFMG e UFSC, identificou as dificuldades e as estratégias de reorganização da Atenção Primária à Saúde pelas unidades de APS/AB no enfrentamento à covid-19 no país.  

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, a professora, da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, conta que foram sorteadas 945 Unidades Básicas de Saúde (UBS),  das 33 mil cadastradas no Brasil, o que representa um erro “bom” de 3,92%. O estudo trabalhou em quatro eixos centrais para certificar um bom desempenho da atenção primária à saúde: atendimento, garantia de continuidade do cuidado, vigilância em saúde e apoio social. 

Resultados e futuro

Segundo Aylene, a primeira coisa a ser destacada é a precariedade das equipes de Saúde da Família, as quais, às vezes, possuem apenas um ou dois consultórios nas pequenas unidades. Isso representa uma dificuldade para criar fluxos nas UBS, explica ela: “Quando você atende usuários de covid, você precisa ter fluxos estabelecidos para os sintomáticos respiratórios”. 

Aylene Bousquat – Foto: Reprodução/Youtube

Outro ponto observado foram as diferenças regionais entre as unidades. Na região norte, apenas 58% das UBS contam com internet, enquanto a média nacional é de 76%, fator que dificulta certos procedimentos nessa área. Algumas UBS também não têm telefone fixo e celular, fazendo com que os funcionários utilizem os seus próprios aparelhos para entrar em contato com os pacientes. 

Também há pouca disponibilidade de testes PCR em algumas unidades. Considerando um kit de oxigênio, teste e termômetro, só 16% das UBS o possuem.  Como informa a professora, a Atenção Básica atuou mais fortemente nos municípios de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH),  PIB per capita, população e menor quantidade de leitos e hospitais: “Se não tivesse a Atenção Primária, a situação teria sido pior. Ela foi fundamental em todo o Brasil, acabou se expandindo e deu conta de atender e cuidar da população”. 

Para Aylene, é preciso garantir financiamento do SUS, aumentar a participação popular e melhorar as estruturas das unidades para contribuir ainda mais para a saúde da população brasileira.


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