O mercado pet segue em constante crescimento. Alimentos, brinquedos, roupinhas, tapetes higiênicos, planos de saúde e até um canal de tevê a cabo são oferecidos aos seus tutores, buscando atender a esse novo membro da família. Com sede nos Estados Unidos, desde 2017, é oferecida uma programação de tevê paga direcionada para cães na América Latina. Alexandre Rossi, especialista e mestre em comportamento animal, graduado em Zootecnia pela Faculdade de Medicina Veterinária da USP e com mestrado em Psicologia pelo Instituto de Psicologia da USP e em Medicina Veterinária pela FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), diz que esse é um trabalho pioneiro e um desafio.
Segundo ele, o principal objetivo dessa programação tão específica, composta de imagens e sons, é relaxar e entreter o animal. Ela também serve como um enriquecimento ambiental e para diminuir o estresse do animal em situações como a separação do tutor, quando ele sai de casa, mas só isso não é o suficiente. “Você acostumar (o cão) a assistir a uma programação específica ou a um determinado som, uma determinada tevê, uma estação de rádio e, quando sai, você manter alguns desses estímulos, faz com que essa mudança não seja tão brusca.”
Nos finais de ano, essa programação específica para cães é aberta para que todos tenham acesso. O objetivo é buscar minimizar os traumas que muitos pets sofrem com a queima de fogos e rojões, que fazem muito barulho e deixam alguns animais apavorados. O desespero é tão grande que muitas vezes eles fogem ou se machucam buscando se esconder de tanto medo. Alexandre Rossi afirma que “a programação oferecida realmente tem um efeito positivo sobre os cães, mas só isso não é o suficiente”. Existe também o ruído branco, que dificulta e atrapalha ouvir coisas como fogos e outros sons externos.
Apesar de muitas vezes parecer que os cães não estão prestando atenção no estímulo oferecido, este existe e pode ser maior nos filhotes. Eles costumam prestar atenção na imagem e também no som. O fato de muitas vezes estarem deitados e parecendo distraídos não quer dizer que eles estejam desatentos. Alexandre Rossi diz que “o filhotinho é muito mais curioso e está tentando descobrir o que é relevante ou não para ele no mundo”. Ele dá o exemplo de pets que prestam atenção em sua própria imagem refletida no espelho e querem até interagir com ela. No entanto, com o passar do tempo, seu interesse vai diminuindo. O especialista em comportamento animal reforça que, ao se buscar o bem-estar do pet, não se deve contar somente com a programação da tevê, pois esse trabalho deve ser complementado com outras atividades.
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