Com o intuito de debater maneiras de destravar áreas-chave no desenvolvimento do País, o Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP promove o ciclo Eleições 2018: Propostas para o Brasil, cinco debates com especialistas renomados para discutir propostas para o Brasil, que servirão como base para o desenvolvimento de uma carta aos candidatos ao pleito presidencial. Os encontros devem ter como foco economia, inovação, gestão pública, saúde e educação. Na segunda-feira, dia 3 de setembro, o tema em debate será Economia, com exposição de Marcos Lisboa, presidente do Insper e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, e Bernard Appy, diretor do Centro de Cidadania Fiscal (CCIF) e ex-secretário de Política Econômica do governo federal. Glauco Arbix, coordenador do Observatório da Inovação e Competitividade do IEA e colunista da Rádio USP, será o mediador.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira o crescimento do PIB brasileiro: 0,2% no segundo trimestre de 2018 – dado que demonstra uma quase estagnação da economia nacional. O professor Marcos Lisboa comenta que esse baixo crescimento é reflexo de falta de controle de gastos e do desemprego, que estão presentes hoje na realidade do País.
Lisboa explica que um dos setores que recebem a carga dessa má administração é a Previdência Social, que terá de sofrer uma reforma para que se possa estabelecer um teto de gastos, de forma que o País seja destravado economicamente. “O gasto que mais cresce no setor público é a Previdência, porque a população está envelhecendo – e isso é bom, pois a população está vivendo mais. Porém, a população em idade que não mais trabalha já cresce mais do que a que trabalha. Então, quem trabalha hoje vai ter que poupar cada vez mais, via impostos, via tributos ou via inflação, para financiar a aposentadoria dos mais idosos; sem reforma da Previdência, esse problema vai se agravando com o tempo.” Ele ressalta, também, que o Brasil é um país em que a população se aposenta mais cedo em comparação a outros países emergentes, como o Chile, por exemplo.
O economista lembra, ainda, sobre o reajuste dos servidores e diz que eles, em vista de sua estabilidade empregatícia, demandam aumento salarial. O ônus dessa medida recai sobre aqueles que não recebem o bônus, que terão que arcar com o prejuízo, seja na forma de impostos ou de inflação. “Tem um grupo de servidores, que têm estabilidade de emprego, que fala: ‘não só eu não perco o emprego, como eu quero aumento de salário. Eu tenho que repor as perdas da inflação, e não faz diferença que eu estou no 1% mais rico do País.’ E na hora o País fica mais pobre e esse grupo tem a renda preservada, o ônus todo cai sobre o restante da sociedade, que pode perder o emprego, enquanto que esse grupo não. A economia é um reflexo das escolhas de políticas públicas; certamente o reajuste dos servidores concedido por esses governos foi um dos maiores equívocos cometidos.”
Jornal da USP no Ar, uma parceria do Instituto de Estudos Avançados, Faculdade de Medicina e Rádio USP, busca aprofundar temas nacionais e internacionais de maior repercussão e é veiculado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93,7, em Ribeirão Preto FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular. Você pode ouvir a entrevista completa no player acima. |