A Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) propôs a criação de um gatilho que reajuste automaticamente a tarifa de água e esgoto, quando houver uma diminuição significativa do consumo e isto levar a uma menor arrecadação para a Sabesp. Na prática, significa que uma redução brusca de consumo por toda a população levaria a um custo maior nas contas de água. O professor Pedro Luiz Cortês, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente da USP e coordenador da Rede Internacional de Estudos sobre Meio Ambiente e Sustentabilidade, criticou a proposta, que ainda passará por consulta pública.
Para o especialista, a medida vai na contramão de qualquer boa política de gestão de recursos hídricos. O professor comenta que, ao invés de incentivar o uso racional da água, a ideia penaliza quem o fez durante a última grande crise hídrica. Ele relembra ainda que a política de bônus na conta de água por economia deveria retornar neste ano, que tem como previsão ser mais seco, o que impactará os reservatórios em 2019.
Na opinião do professor, existem outros caminhos que possibilitam que a Sabesp economize. Primeiramente, a empresa deveria buscar uma maior eficiência em seus processos, reduzindo a perda na distribuição, que, atualmente, é em torno de 25% do produzido. Além disso, deveria usar dos prognósticos climáticos para se planejar financeiramente e se preparar para os impactos negativos do clima, sem punir a população, já que a água é um produto essencial e insubstituível.
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