Otan é poderosa, mas tem atuação comprometida por divergências internas

É o que diz Pedro Dallari a respeito da atuação da Organização do Tratado do Atlântico Norte num momento de tensão entre a Ucrânia e a Rússia

 16/02/2022 - Publicado há 2 anos
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A Otan foi constituída em 1949, no contexto da Guerra Fria, sob o comando dos Estados Unidos – Foto: Flickr

Se você tem acompanhado o recente noticiário na mídia, deve ter ouvido várias vezes sobre a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), por sua atuação no conflito entre a Rússia e a Ucrânia.

Pedro Dallari, diretor do IRI – Foto: Marcos Santos/ USP Imagens

Pedro Dallari, professor titular e diretor do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP, explica que a Otan é uma organização militar de defesa que busca reunir um grupo de países que possam se auxiliar mutuamente, caso algum deles sofra alguma ameaça ou intervenção militar.

A Otan foi constituída em 1949, no contexto da Guerra Fria, sob o comando dos Estados Unidos. A organização reunia os países da Europa Ocidental, que consideravam os EUA e o Canadá alianças importantes para se defenderem da “ameaça soviética”. Em 1955, a União Soviética cria o Pacto de Varsóvia, uma organização congênere que agrega os países da Europa Oriental.

 

Acaba a Guerra Fria

Com o fim da Guerra Fria, a Rússia perde sua influência sobre os países que constituíam a antiga União Soviética, mas, com receio de que ela pudesse recuperar seu domínio, os países da Europa Oriental buscam sua entrada na Otan. Nesse momento, a Rússia, enfraquecida pela queda da URSS, não consegue impedir esse movimento. A situação só mudaria com o governo Vladimir Putin, que buscou recuperar o protagonismo militar do país. A Rússia começa, então, a contestar a influência dos Estados Unidos sobre os países que lhe fazem fronteira através da Otan.

Poder e divergências

Ao ser criada, a organização reunia os países da Europa Ocidental, que consideravam os EUA e o Canadá alianças importantes para se defenderem da “ameaça soviética” – Foto: Flickr

 

Dallari explica que a Otan é uma organização poderosa, mas que a agilidade da sua ação é comprometida por divergências internas. Um exemplo disso é a atuação da organização no conflito da Rússia com seus países fronteiriços, como explica Dallari: “Os países da Europa Oriental, mais próximos da Rússia e que se sentem ameaçados pela Rússia, gostariam de uma maior assertividade da Otan, que a Otan fosse mais ameaçadora em relação à Rússia — já a Alemanha, a França têm uma posição um pouco diferente, porque acham que é importante manter boas relações com a Rússia. Então, embora do ponto de vista do cálculo meramente numérico a Otan seja muito poderosa, porque integram a Otan países com efetivos militares muito poderosos, isso não significa, necessariamente, que essa maquinaria toda atuará de maneira rápida e incisiva, com grande força, porque há divergências internas.”


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