Nas comunidades carentes, crise sanitária agravou a crise social

Nota técnica da Rede de Pesquisa Solidária e do Centro para Inteligência Artificial mostra que insegurança alimentar e desemprego estiveram entre os principais problemas

 31/08/2021 - Publicado há 3 anos
Entre os itens que despertaram maior preocupação entre lideranças comunitárias, destaca-se o da insegurança alimentar – Foto: Giorgia Prates via Fotos Públicas

 

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Na esteira dos acontecimentos causados pela chegada do coronavírus e pela gestão da pandemia por parte do governo, estudos se dedicaram a sistematizar os principais impactos dos dois fatores. Na nova nota técnica da Rede de Pesquisa Solidária e do Centro para Inteligência Artificial, lideranças comunitárias relataram que a crise sanitária foi acompanhada de uma crise social. Insegurança alimentar e desemprego estiveram entre os principais problemas.

“Os efeitos socioeconômicos são cada vez mais nítidos entre as lideranças comunitárias, confirmando esse temor de que a crise sanitária tem implicações sociais e econômicas”, afirma Rodrigo Brandão, pesquisador da Rede de Pesquisa Solidária. O desafio relatado por quem vive nas comunidades brasileiras acaba sendo a garantia e o sustento da vida, desafio que é marcado pela falta de alimentação, de renda e infraestutura, que envolve o pagamento de aluguel e acesso à internet (e consequentemente às importantes informações que lá circulam não só sobre o vírus, mas sobre a vacinação). “São diversos problemas que se juntam e tornam a crise sanitária ainda mais delicada e letal”, aponta.

Entre os itens que despertaram maior preocupação entre lideranças comunitárias, destaca-se o da insegurança alimentar. “Em um ano, nós estamos tão ruins quanto estávamos no começo da pandemia”, relata Brandão, referindo-se à persistência na insegurança alimentar entre os mais pobres. O valor do auxílio emergencial, instrumento importante para garantir compra de alimento em 2020, passou a não dar conta dos gastos essenciais de diversas famílias. “Acessar não é mais suficiente como parecia em outros momentos da pandemia.”

Em um segundo ano de pandemia, que em muitos aspectos mostrou-se mais grave que o primeiro, especialistas apontam que “o auxílio emergencial tem que estar no centro da agenda. Tem que ser pensado um aumento do auxílio e um aumento da cobertura”, avalia Brandão, que é cientista social. “Fazer as ações de doações de alimentos tem que contar com a participação das lideranças comunitárias.”

A distribuição também deve envolver aquelas informações sobre a covid-19 e sobre a vacinação. Estudos já demonstraram que a mortalidade do vírus foi maior em regiões periféricas das cidades. Brandão condiciona esse fato à falta de informação que circula nas comunidades sobre a vacina, por exemplo. “Há uma preocupação que temos que ter de fazer com que a vacinação funcione no País como um todo, mas uma atenção especial tem que ser prestada às regiões socioeconomicamente vulneráveis.”


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