Apesar da crítica, Aline comentou que o intuito da pesquisa não é tirar a credibilidade da Casa Angela, cujo pilar principal é a realização de partos que respeitam as gestantes. O que ela propõe é que a instituição dialogue com os movimentos sociais. “A pesquisa demonstrou que dentro da comunidade Monte Azul, na qual a instituição está, há forte construção de práticas comunitárias de cuidado à saúde integral e muito a ser aprendido pela Casa Angela”, afirma.
Ela também sugere a criação de uma ouvidoria independente, para que aquelas que sofrerem algum tipo de violência possam denunciar e receber o acolhimento necessário. “Se você observar nos relatos, uma das mães denuncia o que ela sofre, só que a denúncia dela fica dentro da organização, que deslegitima e provoca uma nova violência racista contra essa mulher, quando nega a história dela, mais uma vez”, afirma Aline Matos, que defendeu sua dissertação no Programa de Pós-Graduação Mudança Social e Participação Política da USP, sob orientação do professor Tiaraju D’Andrea.
O Jornal da USP entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde para perguntar sobre as denúncias de racismo na Casa Angela. Por meio de sua assessoria de imprensa, a secretaria afirmou desconhecê-las. Disse também que “não pactua com nenhum tipo de preconceito ou discriminação e irá apurar os relatos apresentados pela reportagem. Se confirmados, medidas cabíveis serão tomadas”.