A síndrome metabólica é uma doença moderna que envolve obesidade, gordura no fígado, resistência à insulina e diabete. O tratamento deve envolver a terapia nutricional e medicamentos anteriormente apenas usados para o controle da diabete. O assunto é destaque no Congresso da Associação Brasileira de Nutrologia, que acontece esta semana.
Dados de uma pesquisa sobre obesidade, realizada em 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal, pelo Ministério da Saúde, em 2018, mostram que 19,8% dos adultos brasileiros estão obesos. “Vivemos um ambiente obesogênico”, declarou o professor José Ernesto dos Santos, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), ao Jornal da USP no Ar.
“A síndrome se caracteriza, principalmente, por uma obesidade central. Aquela barriga saliente, um abdome alargado”, aponta Santos. A medição da espessura da cintura é o protocolo médico. Nas mulheres, é preocupante quando ultrapassa os 88 cm. Para os homens, 102 cm. “É um quadro fortemente associado com doenças cardiovasculares”, alerta.
A síndrome metabólica também pode causar gordura no fígado. “Antigamente, o diagnóstico era feito com palpação do fígado. Agora, o ultrassom detecta presença de gordura no órgão”, conta o médico. Segundo especialistas, a gordura no fígado pode indicar um risco de morte por doença cardíaca. “Existem situações chamadas de hepatite não alcoólicas, provocadas por excesso de gordura”, explica.
Perder peso provoca a redução da gordura do fígado, melhora a resistência à insulina e reduz o risco de complicações. “O efeito sanfona não basta”, defende o especialista. O paciente tem que mudar sua rotina. A má alimentação e a bebida alcoólica são vilões, comenta Santos. “Não é ‘não vou beber’, é ‘não vou beber a quantidade que estou bebendo”, alega. Ele fala que a prudência na ingestão de álcool, açúcares e gorduras é o segredo.
O estilo de vida contemporâneo também tornou as crianças sujeitas à síndrome metabólica, conforme indica o especialista. “Os pediatras, no século passado, não pediam dosagem de colesterol, não se preocupavam em medir pressão arterial das crianças. Hoje, esses exames fazem parte da rotina pediátrica”, comenta. A prevalência e frequência de crianças obesas é muito significativa em todo o mundo. A Federação Mundial de Obesidade prevê que em 2025 serão 91 milhões de crianças obesas.
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