A pandemia do novo coronavírus já está causando impactos na economia mundial, com projeções de crescimento mostrando reduções. EUA e Reino Unido apresentam medidas que buscam minimizar essas consequências através da redução de juros. Aqui, no Brasil, deve acontecer o mesmo movimento, com o anúncio do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) sobre a nova taxa básica de juros, que atualmente está em 4,25%.
Paulo Feldmann, professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP, disse ao Jornal da USP no Ar que “nós [brasileiros] precisamos adotar medidas emergenciais. O governo federal enviou ao Congresso um pedido de decretação de calamidade pública, para que ele possa efetuar gastos. Isso mostra que até mesmo o Brasil, onde há pouco tempo o ministro Paulo Guedes falava que não ia aumentar gastos públicos, reverteu essa ideia, que deve ser aprovada sem nenhuma restrição”.
Para o professor, esse é apenas o primeiro passo a ser adotado nessa “guerra ao vírus”, como define a atual situação. Ele corrobora uma fala do jornalista Martin Wolf, do Financial Times, que disse que o ‘Estado existe para resolver crises como essa’. “É verdade. Nessa hora, o Estado é fundamental, devendo gastar e investir, gerando empregos e atenuando o sofrimento das populações mais pobres, que sempre são as que mais sofrem”.
Utilizando recursos financeiros como “colchão” para diminuir impactos de quedas econômicas, as reservas internacionais devem ser utilizadas nesses momentos. Feldmann lembra que o Brasil possui US$350 bilhões aplicados em títulos do governo americano, perdendo apenas para a China em valor investido. Ele defende que o governo tire parte desse montante para circular dentro do Brasil, mas também reconhece que há opiniões contrárias em relação a isso.
“No momento de uma crise aguda que afeta a saúde dos brasileiros, essa é a hora de mexer nesse dinheiro. Poderíamos seguramente dispor de um terço desse valor, cerca de US$ 100 bilhões , ou seja, R$ 500 bilhões. Esse valor seria utilizado para, por exemplo, ampliar o Bolsa Família e números de beneficiários do programa, oferecer mais recursos para saúde pública, que deve ser privilegiada agora, e ajudar as pequenas e médias empresas, que mais sofrerão com essa crise.
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