Em um momento de pressão política, o presidente Jair Bolsonaro anunciou no último dia 29 a demissão do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e a nomeação do embaixador Carlos Alberto França, ex-chefe do cerimonial do Palácio do Planalto. A mudança no Itamaraty acontece após desgaste do ex-ministro com relação à China, que é o maior exportador de insumos para produção de vacinas contra o coronavírus.
Para o professor Paulo Borba Casella, do Departamento de Direito Internacional da Faculdade de Direito da USP, a política externa “simplesmente absurda” do governo Bolsonaro é uma situação que deve se manter com a troca do chanceler. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, o professor destaca que, assim como seu antecessor, o novo ministro é um embaixador júnior, que não tem muita experiência e provavelmente vai cumprir ordens.
Além dos constrangimentos com a China, também foram criados constrangimentos com a Índia, que produz 60% das vacinas do mundo, quando o Brasil, acompanhando o governo Trump, foi contra a iniciativa indiana de quebra de patentes de vacinas em votação na Organização das Nações Unidas (ONU). O professor destaca que esse seria mais um exemplo de como o governo brasileiro tem ido contra a tradição diplomática nacional de quase 200 anos.
Segundo Casella, “a pandemia está mostrando, mais do que nunca, como é necessário trabalhar em equipe e de uma maneira coordenada, senão não chegamos a lugar nenhum”. Agora, destaca-se cada vez mais a importância da diplomacia na ciência e saúde internacionais, para negociações de vacinas e colaboração entre pesquisadores. Então, segundo o professor, é preciso manter e aprimorar os mecanismos de cooperação que historicamente se fizeram presentes na inserção internacional do Brasil – sempre realizada a partir da diplomacia, do diálogo e do alinhamento com o direito internacional.
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