O hidrogênio vem se mostrando uma fonte de energia renovável atraente para os setores da sociedade que buscam o desenvolvimento sustentável. Vários estudos apontam que é necessário que haja uma redução nas emissões de dióxido de carbono até para manter o aumento da temperatura terrestre abaixo de dois graus Celsius. Isso gera uma busca por uma nova fonte de energia eficiente e com um baixo impacto ambiental.
“É importante entender que todas as fontes ou qualquer fonte de energia renovável possuem vantagens e desvantagens também”, contou ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição o professor Claudio Ruggieri da Escola Politécnica (Poli) da USP. Segundo ele, as atuais formas de energia renovável mais utilizadas possuem problemas sobre o impacto que causam pelo seu uso, como no caso da biomassa, ou dependem diretamente das condições impostas pela natureza para o seu funcionamento, como é o caso da energia eólica.
De acordo com Ruggieri, o hidrogênio se oferece como alternativa às demais fontes devido à sua abundância, sendo o elemento mais comum no planeta. Como possibilidade de energia, ele representa a flexibilidade, porque poderia vir a suprir setores industriais, como siderurgia e petroquímico, e nos setores de transporte, como o naval e aéreo, que têm dificuldades em adotar em maior escala a energia renovável. No caso brasileiro, o Plano Nacional de Energia (PNE), divulgado periodicamente pelo Ministério das Minas e Energia (MME), possui diretrizes para a inserção do hidrogênio na malha energética brasileira, porém tímidas. Os planos do PNE focam em fontes energéticas como o gás natural, assim como a energia solar e energia eólica. “O sucesso de qualquer ação governamental para a redução drástica e emissão de dióxido de carbono requer necessariamente uma maior diversificação no uso de fontes renováveis”, destaca o professor.
A adoção do hidrogênio como fonte de energia ainda possui alguns desafios tecnológicos, entre eles há a questão da produção. Atualmente, grande parte do hidrogênio no mundo ainda é produzido a partir do gás metano, que produz muito dióxido de carbono. Para que ele seja uma fonte considerada verde é preciso aumentar a sua produção por meio da eletrólise da água do mar, outro desafio tecnológico, uma vez que o gás precisa ser armazenado em temperaturas em torno de 253ºC negativo. A reatividade do gás também impõe desafios na questão da armazenagem. Um dos focos de pesquisa da Escola Politécnica vêm sendo entender melhor o mecanismo pelo qual o hidrogênio degrada o material, desenvolver ensaios e experimentos capazes de detectar a redução ou a degradação do material e o desenvolvimento de modelos computacionais. “Essa é uma área que demanda muito investimento em pesquisa, não só no desenvolvimento de materiais, mas desenvolvimento de células e combustível”, diz Ruggieri e conclui: “É uma cadeia completa em que só teremos benefícios daqui alguns anos e que já está sendo feito no mundo afora”.
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