O Brasil registrou queda de 25% nos assassinatos nos dois primeiros meses do ano. Foram 6.856 mortes violentas em janeiro e fevereiro. No mesmo período de 2018, houve 9.094 assassinatos. Apenas o Paraná não informou os dados. De outro lado, o número de pessoas mortas pela polícia no Brasil cresceu 18% em 2018. O país teve 6.160 mortes cometidas por policiais na ativa em 2018, contra 5.225 em 2017. Esses dados foram obtidos pelo projeto Monitor da Violência, uma parceria do pesquisador Bruno Paes Manso, do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP, com o site G1 e com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O Jornal da USP no Ar conversou com o pesquisador sobre o cenário atual da violência no País.
Bruno Paes Manso relembra que o ano de 2017 foi marcado por conflitos envolvendo duas facções criminosas nacionais. As rebeliões dentro das penitenciárias tornam-se comuns. Três grandes rebeliões resultaram em quase 200 mortos. “Passada essa crise de 2017, as coisas estão voltando ao patamar anterior dos anos de 2016 e 2015”, relata o pesquisador, e continua: “Há uma queda de 15 meses consecutivos nos homicídios, fato raro na história recente do Brasil”.
Por outro lado, o caso da violência policial é sempre muito dramático. “Vemos o caso do Rio de Janeiro, com nove homicídios a cada 100 mil habitantes cometidos pela polícia. Apenas os homicídios praticados pela polícia [do Rio de Janeiro] já são semelhantes ao nível da violência em São Paulo”, expõe o pesquisador do NEV. No Pará, os homicídios praticados pela polícia são de sete a cada 100 mil habitantes. “Não à toa, são as duas polícias que acabaram fornecendo mais mão de obra para as milícias”, aponta.
Já o tráfico de drogas não é o mesmo de dez anos atrás. As facções possuem um modelo de negócio consolidado e uma cadeia de comando organizada. No entanto, muitos de seus líderes estão dentro do sistema penitenciário. Para Paes Manso, esse cenário pode beneficiar o Ministério Público no combate ao crime organizado. Para isso, é necessário um rigoroso trabalho de inteligência por parte do poder público. Contudo, o pesquisador não enxerga essa capacidade no governo atual.