Amnésia digital é fruto do volume de informação disponibilizado pelo avanço tecnológico

Fenômeno caracterizado pelo declínio cognitivo relaciona o uso descompensado de aparelhos eletrônicos à perda da memória em longo prazo

 10/01/2023 - Publicado há 1 ano
Por
As informações disponibilizadas via internet passam por áreas específicas de leituras de dados, de modo muito ágil e de pouca apreensão. Fotomontagem com imagens de Freepik e Flaticon

 

O esquecimento de atividades e assuntos corriqueiros pode ter relação com o uso descompensado de telas de computadores, celulares e aparelhos eletrônicos. O fenômeno é denominado “amnésia digital” e ocasiona déficits na capacidade de armazenamento de memória e no declínio cognitivo. 

Isso decorre da quantidade de informações disponibilizadas pelas mídias digitais e a velocidade com que o volume de dados é processado pelo cérebro. Com o avanço e a facilidade com que as informações são disponibilizadas para a sociedade, as agendas digitais e os calendários, que marcam datas e eventos importantes, assim como dados necessários, nos deixam em uma situação confortável, levando ao esquecimento de pequenas tarefas, dados ou informações. 

Cristiano Nabuco – Foto: Reprodução

Cristiano Nabuco, coordenador do grupo Pro-Amiti do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, explica que o fenômeno decorre da forma como são processadas as informações em nosso cérebro. Ele esclarece que as informações disponibilizadas via internet passam por áreas específicas de leituras de dados, de modo muito ágil e de pouca apreensão. 

A maneira como ocorre o processamento dessas informações do meio digital no cérebro é similar às interações cerebrais que fazemos para a solução de um jogo de sete erros. Nabuco explica que esse é um raciocínio mais rápido, diferente daquele realizado quando lemos um livro em material impresso, por exemplo, que precisa de um certo tempo de processamento. “É preciso dar um certo aspecto de atenção. Só que minha atenção não é profunda o suficiente para me fazer consolidar aquilo que estou lendo”, completa ele. 

Tecnologia e falhas de memória

Devido à importância desse tempo de processamento, a leitura em aparelhos e telas digitais impede a consolidação da memória de longo prazo, por dispor de uma área do cérebro de apreensão de dados mais veloz. Isso gera a falta de “ancoragem de informações”, ocasionando a chamada amnésia digital, que repercute não apenas na obtenção de dados em longo prazo como na consolidação de informações e dados, estendendo-se para o esquecimento de tarefas simples e rotineiras. 

Para a reabilitação e atenuação dos efeitos da tecnologia sobre a memória, Nabuco defende a prática de atividades que envolvam o exercício do foco, em especial as que envolvam concentração. Além disso, evitar atividades multitarefas, que fragmentam a atenção necessária, pode auxiliar no processo de retomada cognitiva. 


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 

 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.