Estudo revela os benefícios do uso do laser em trauma dental

Por Flávia Monari Belmonte, doutoranda da Faculdade de Odontologia da USP, e outros autores*

 14/07/2022 - Publicado há 2 anos
Flavia Monari – Foto: Arquivo Pessoal
Patricia Freitas – Foto: Arquivo Pessoal
Luciane Azevedo – Foto: Arquivo Pessoal
Celso Caldeira – Foto: Arquivo Pessoal

 

O trauma dental ou lesões dentárias traumáticas é um problema de saúde bucal pública, com alta frequência em idades jovens e que impacta diretamente na produtividade e qualidade de vida do indivíduo.

As quedas são a causa mais comum das lesões dentárias traumáticas e envolvem, normalmente, a dentição decídua (“dentes de leite”). Como parte de seu desenvolvimento, crianças que engatinham, cambaleiam e caem antes de poder andar estando susceptíveis aos traumas dentais. Podem ocorrer também na dentição permanente, resultantes de quedas da própria altura e acidentes em práticas esportivas. Outras ocorrências de impacto, como brigas, agressões, acidentes de motocicletas e automóveis, têm destaque na prevalência das lesões, com traumas mais severos.

As lesões dentárias traumáticas são aquelas que podem causar desde uma trinca/fratura até o deslocamento total do dente para fora do osso em que está inserido. Na realidade, cada trauma tem sua peculiaridade, mas a avulsão é a lesão mais difícil de se tratar, pois o dente sai totalmente do alvéolo (osso), algumas vezes é perdido e, em outras, as pessoas não sabem o que fazer com o próprio dente, que está fora da boca, antes de chegar a um atendimento odontológico. O ideal é que o dente seja colocado no local do acidente, pegando pela coroa e, se estiver sujo, lavá-lo suavemente no leite, no soro fisiológico ou na saliva do paciente. Caso não consiga reimplantar o dente no local, é indicado colocar o dente em um recipiente com leite (se não tiver saliva ou soro fisiológico) e procurar imediatamente um dentista.

Dentro desse contexto, como as terapias com laser de baixa potência podem auxiliar no manejo das lesões dentárias traumáticas?

Existem diversos estudos científicos que descrevem os efeitos benéficos desta terapia, mas de maneira geral destacam-se: a analgesia, a modulação do processo inflamatório e a reparação de tecidos biológicos. Estes efeitos são importantes no que diz respeito à possibilidade de uso para minimizar os efeitos do trauma inicial tanto nos dentes como nos tecidos moles ao redor, por ser uma terapia não-invasiva, indolor e de relativo baixo-custo, aumenta a colaboração por parte do paciente.

Até o presente momento, não há estudos clínicos na literatura que reportam os efeitos da terapia de fotobiomodulação com laser de baixa potência no manejo de trauma dental. Na Faculdade de Odontologia da USP, porém, o Laboratório Especial de Laser em Odontologia (LELO), entre os vários estudos em andamento, está conduzindo uma pesquisa que utiliza a terapia de fotobiomodulação no tratamento das lesões dentárias traumáticas. Como resultados parciais, observados em mais de 60 lesões dentárias traumáticas, houve a redução de dor, melhora no processo inflamatório e remodelação no tecido pulpar em 56 pacientes incluídos na pesquisa até então. Após concluído, o estudo randomizado, duplo-cedo e controlado será um marco científico importante, abrindo uma nova perspectiva de uso dessa tecnologia em lesões dentárias traumáticas.

* Patrícia Moreira de Freitas, professora da Faculdade de Odontologia da USP, Luciane Hiramatsu Azevedo, pesquisadora da Faculdade de Odontologia da USP, e Celso Luiz Caldeira, professor titular da Faculdade de Odontologia da USP


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