No dia 29 de junho, tomaram posse o novo diretor do Instituto de Estudos Avançados (IEA), Paulo Saldiva, e seu vice-diretor, Guilherme Ary Plonski. A cerimônia foi realizada no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, e reuniu dirigentes da Universidade, além de autoridades científicas, artísticas e políticas.
No início da cerimônia, o novo vice-diretor, Guilherme Ary Plonski, falou sobre a criação do primeiro Instituto de Estudos Avançados do mundo, na Universidade de Princeton, em 1930, e fez um paralelo em relação à fundação do IEA da USP, em 1986, durante a gestão do reitor José Goldemberg.
O ex-diretor Martin Grossmann não pôde comparecer ao evento, mas enviou uma mensagem de saudação aos novos diretores. “O IEA, desde sua criação, é movido pela inquietação, pelo estranhamento, pelo novo. Por meio das artes, do conhecimento, da Ciência, do entendimento interdisciplinar e multicultural o IEA permite o exercício da transcendência, abrindo assim e constantemente novas frentes de estudo, reflexão e interação. Saldiva e Plonsky, em seu projeto de gestão, manifestam e atualizam esse espírito, apresentando claramente um plano de ação que não se conforma a esse estado das coisas”, afirmou Grossmann em sua comunicação.
Em seguida, o novo diretor, Paulo Saldiva, destacou que “o IEA talvez represente a maior essência dos princípios que originaram a Universidade, que são: produzir os melhores recursos humanos, produzir a melhor ciência e, por meio desses dois elementos, promover o desenvolvimento do Estado de São Paulo e do Brasil”.
O novo diretor apresentou as quatro principais metas de trabalho de sua gestão. A primeira é a realização de seminários avançados de formação de lideranças políticas, coordenados pelo professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), José Álvaro Moisés.
Outro tópico é a criação de um espaço de diálogo e convergência de grupos interessados na proposição de estudos sobre urbanidade e qualidade de vida, que deverá ser conduzido pelo professor do Instituto de Biociências (IB), Marcos Buckeridge.
O Instituto deverá criar, ainda, um observatório para consolidar iniciativas voltadas ao entendimento profundo dos processos e perspectivas de transformação, além de incubar iniciativas inovadoras de atuação da USP como universidade transformadora da sociedade.
Também está prevista a criação de um núcleo de estudo sobre novas metodologias de aprendizado voltadas ao ensino fundamental e médio, coordenado pelo professor do Instituto de Química, Hamilton Varela.
“O IEA é, ao mesmo tempo, um ponto de partida e de chegada, onde desembarcam sonhos, onde as utopias são transformadas em peças de conhecimento que possuem a capacidade de materializar sonhos em ações concretas”, considerou Saldiva. Ele defendeu que o Instituto é de toda a USP, que enfrenta, assim como todas as universidades do mundo, grandes desafios para encontrar maneiras de assegurar o diálogo e a liberdade de expressão diante da ameaça do fundamentalismo; aumentar o diálogo com a sociedade; abordar temas complexos, promovendo a convergência de diferentes saberes; e a necessidade de construir uma narrativa que explique de maneira clara para a sociedade qual a importância e a finalidade da Universidade e da pesquisa.
O reitor Marco Antonio Zago também reforçou que é preciso lembrar o que está no decreto de fundação da USP. “O IEA não trata de nenhuma parcela do conhecimento: ele trata do conhecimento de maneira não fragmentada, como elemento central para o progresso da sociedade e aprimoramento da qualidade de vida. Para cumprir essa missão, o IEA precisa ser audacioso. Saldiva e Plonski são pessoas capazes de transgredir contradições, de montar um programa que seja audacioso e razoavelmente caótico, próprio para mundo atual, em que as coisas mudam rapidamente e não seguem padrões estabelecidos”, afirmou o reitor.
(Fotos: Ernani Coimbra)