Nesta segunda-feira (8), comemora-se o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Ovário, um dos mais difíceis de ser identificados e, portanto, dos mais letais. Em entrevista à Rádio USP, o professor Jesus Paula Carvalho, especialista em câncer ginecológico da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e chefe do Serviço de Ginecologia do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo), diz que há muito tempo os profissionais da medicina tentam detectar precocemente o câncer de ovário, tarefa que até o momento não deu bons frutos. Como consequência, o índice de mortalidade é elevado.
Por ser assintomático e de rápida evolução, esse tipo de moléstia nem sempre é percebido pelas mulheres, que geralmente se queixam de sintomas que acabam atribuindo a distúrbios alimentares ou a algum desconforto abdominal. Como não há nenhum sintoma que possa ser característico para identificar a doença, o quadro é bastante agravado pelo fato de a evolução ser muito rápida e poder se disseminar para outros órgãos em poucas semanas.
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Hoje em dia, já se sabe que o componente hereditário é muito forte no câncer de ovário, situação que responde por cerca de 17% dos casos da doença, que envolve mutações de dois genes: BRCA 1 e BRCA2. Por isso, é muito importante que mulheres que saibam ter casos de câncer de ovário na família procurem, como forma preventiva, realizar avaliação do fator genético. Até porque os métodos existentes até hoje para rastreamento e detecção precoce da moléstia não se mostraram eficientes no sentido de reduzir a mortalidade por esse tipo de câncer. De acordo com o dr. Paula Carvalho, ainda se está em busca de uma estratégia eficaz de rastreamento.
A estratégia adotada atualmente é retirar os ovários daquelas mulheres que possuam alto risco para desenvolver a doença, pois já se sabe que o tipo de câncer de ovário mais agressivo começa justamente nas tubas uterinas. Daí também a importância da identificação de cistos que possam ser potencialmente perigosos, os quais, se suspeitos, devem ser retirados. O tratamento da doença é cirúrgico e quimioterápico.
Quando detectado precocemente – o que ocorre numa parcela pequena de casos -, a chance de sobrevida da paciente, num prazo de cinco anos, é de 80% a 90%. Uma vez que a doença esteja disseminada, esse porcentual cai significativamente.