A ciência é essencial para o sucesso dos planos de adaptação às mudanças climáticas

Marcos Buckeridge comenta o estabelecimento das diretrizes dos planos, conforme proposta aprovada pela Câmara

 18/06/2024 - Publicado há 1 mês
O caso do Rio Grande do Sul será um divisor de águas no tratamento das questões climáticas no Brasil –  Foto: Paulo Pinto/Fotos Publicas
Logo da Rádio USP

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou a proposta, um substitutivo do Senado, que segue para sanção presidencial e estabelece diretrizes para planos de adaptação às mudanças climáticas; a versão do projeto elaborada pelos senadores inclui a formatação desses planos, que devem ter suas versões municipais, estaduais e federal. O professor Marcos Buckeridge, titular do Instituto de Biociências da USP, atualmente vice-diretor do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, conta mais sobre a medida. 

Marcos Buckeridge – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

O professor entende que o caso do Rio Grande do Sul será um divisor de águas no tratamento das questões climáticas no Brasil. Ele comenta que, apesar do atraso, a discussão do projeto representa um avanço na  pauta. “O projeto está duas décadas atrasado, já faz muito tempo que estamos indicando que essas mudanças são necessárias. Precisamos reduzir a emissão de carbono há anos, no entanto, continuamos e agora estamos vendo as consequências. Porém, ter a lei já é o primeiro passo. Precisamos dar os passos seguintes, arrumar fundos e aplicar as medidas.”

Sobre a divisão das diretrizes em esferas municipais, estaduais e federal, o docente a categoriza como essencial. “Essa ideia das interações entre esferas é muito importante. E, aliás, precisamos que o planejamento no topo dessa hierarquia seja o municipal, pois as cidades são diferentes e precisam de planos específicos. O nosso pacto federal não é bom nesse sentido, acaba limitando muito as ações localizadas, pois centraliza as decisões no âmbito federal. Não é eficiente tratar a questão climática assim. Cada cidade tem sua demanda e precisa de liberdade para executar seus planos”, afirma. 

Prioridades

O plano também prevê que as prioridades sejam os lugares mais vulneráveis em diferentes lugares do Brasil. “Cidades costeiras como Recife, Salvador, Rio de Janeiro correm um sério risco com o nível do mar. No interior, vemos em Minas Gerais e em São Paulo um risco sério com relação às ondas de calor, que são um tema muito sério. Regiões mais áridas também, como a caatinga no Nordeste, têm de receber uma atenção especial, então são vários focos que vão ser observados”, elucida. 

O projeto afirma que as adaptações para a mudança do clima e suas estratégias serão todas fundamentadas em evidências científicas. Para o professor, essa é uma premissa fundamental.  “A ciência é absolutamente essencial para o sucesso do planejamento. É por meio dela que podemos observar os resultados, tomar decisões acertadas, executar as medidas e ajustá-las conforme for necessário. Tudo isso é muito mais eficiente com a observação de dados científicos.”


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.