A crise climática que assola o Rio Grande do Sul evidencia os desafios enfrentados pelo setor elétrico em contextos de fenômenos extremos. A recente inundação histórica não se limitou a Porto Alegre, mas afetou diversas regiões do Estado, expondo a vulnerabilidade das infraestruturas energéticas frente a situações climáticas adversas. Para se ter uma ideia, 452 cidades do Estado, de um total de 497, ou seja, mais de 90% dos municípios gaúchos foram atingidos pelas enchentes. Mais de 2 milhões de pessoas foram afetadas diretamente.
Os efeitos das enchentes levaram ao alagamento de subestações, desligamento de linhas de transmissão e até ao rompimento de uma barragem hidrelétrica, com outras ainda sob risco. Mais de 500 mil imóveis ficaram sem energia elétrica inicialmente, com bloqueios em estradas e alagamentos, dificultando os esforços de reparo por parte das equipes técnicas das concessionárias de energia, incluindo Certel, Equatorial CEEE-D e CPFL – RGE Sul.
O Ministério de Minas e Energia (MME), juntamente com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), rapidamente estabeleceu um gabinete de crise para coordenar as ações de resposta. O desafio é monumental, não apenas para restaurar a energia, mas também para garantir a segurança das infraestruturas energéticas diante da continuidade das chuvas e enchentes que assolam o Estado desde o começo de maio.
Esses eventos extremos colocam em evidência a necessidade urgente de reforçar a resiliência do setor energético. A crise atual demonstra a importância de uma infraestrutura robusta e preparada para lidar com as mudanças climáticas, que estão se tornando mais frequentes e severas. Além disso, refletimos sobre as medidas que podem ser tomadas para melhorar a preparação e resposta a futuros desastres naturais.
Cerca de 4 mil profissionais estão envolvidos nos trabalhos de campo para manter o abastecimento de energia elétrica e de combustível no Estado. Até o momento, mais de 150 mil imóveis tiveram sua energia restabelecida, mas os números continuam a variar à medida que as condições climáticas evoluem.
Este episódio dramático que assola os gaúchos deixa evidente a necessidade de interconexão entre a crise climática e a segurança energética, sublinhando a importância de um planejamento estratégico que inclua a adoção de tecnologias mais adaptáveis e sustentáveis, assim como políticas públicas que fortaleçam a capacidade de resposta do setor a emergências naturais.
A Série Energia tem apresentação do professor Fernando de Lima Caneppele (FZEA). A coprodução é de Ferraz Junior e a edição é da Rádio USP Ribeirão. Você pode sintonizar a Rádio USP Ribeirão Preto em FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS.
