Ouça a íntegra da entrevista com o professor Roberto Fava Scare, da FEARP-USP:
A semana começou com a União Europeia anunciando a suspensão da importação de carne das empresas envolvidas na Operação Carne Fraca, deflagrada na última sexta-feira pela Polícia Federal.
Do outro lado do mundo, a Coreia do Sul, que tem o Brasil como fornecedor de 8o% por cento da carne de frango que importa, suspendeu a compra temporária de produtos das marcas Perdigão e Sadia, da BRF. Essas foram as primeiras reações internacionais. Muitos países exigiram informações oficiais do governo brasileiro.
A Operação Carne Fraca revelou que cerca de 30 empresas do setor, incluindo as gigantes JBS, dona da Friboi e da Seara, e a BRF, além de vários frigoríficos de menor porte, adulteravam carne e pagavam propina para fiscais liberarem a venda desses produtos.
Para o professor de Economia Roberto Fava Scare, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEARP) da USP, e especialista em agronegócio, a operação deflagrada pela Polícia Federal precisa ter o apoio da sociedade.
Para ele, o problema é pontual, porque o setor tem um avançado sistema de fiscalização, reconhecido internacionalmente e também criado para atender às exigências de qualidade e sanidade animal.
Os prejuízos, segundo ele, dependerão muito da agilidade da resposta que o governo der para o problema, e o consumidor deve ficar mais atento à qualidade do produto.
O Brasil é o maior exportador de carne do mundo e detém 21 por cento do mercado mundial, segundo a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil. Somente em 2014, o Brasil vendeu carne bovina in natura para 151 países e industrializada para 103 países.