Obesidade se mantém entre maiores ameaças à saúde do brasileiro

Pesquisa divulga últimos resultados e começa nova fase de exames que investigará determinantes de peso corpóreo

 13/03/2017 - Publicado há 7 anos
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Sala de Exames do PROJETO ELSA BRASIL - Enfermera Edna Caeta fazendo exames de medida pressão arterial na participante do projeto elsa - Foto Cecília Bastos 023-16
Obesidade está diretamente ligada a doenças crônicas de maior mortalidade no País, como hipertensão arterial. Na foto, enfermeira do Elsa Brasil afere pressão de participante do projeto – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

A obesidade e as complicações para a saúde relacionadas ao ganho de peso apresentam alta prevalência entre os brasileiros. As constatações são as mais preocupantes apontadas pela maior pesquisa epidemiológica da América Latina, o Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil), período 2012-2014. O estudo, que teve início em 2008, se prepara para começar em março uma nova etapa de exames, cujos dados servirão de base para o trabalho em 2017/2018.

A obesidade está diretamente ligada a doenças crônicas como diabete, hipertensão, arteriosclerose e colesterol alto, patologias responsáveis pelos maiores índices de mortalidade e morbidade do Brasil. Segundo o coordenador da pesquisa, professor Paulo Lotufo, os que mais ganharam peso foram os mais jovens. Na média, os que tinham menos de 55 anos engordaram um quilograma durante o período em que foram avaliados. A cada três participantes, dois estavam acima do peso (com sobrepeso ou obesos); 20% eram diabéticos; um terço tinha pressão alta; e 58% apresentavam colesterol elevado. A obesidade já tinha sido verificada nas etapas anteriores da pesquisa.

Professor Paulo Lotufo - Foto: Marcos Santos
Professor Paulo Lotufo – Foto: Marcos Santos

Na próxima leva de exames, serão avaliados com mais profundidade dois determinantes do peso corpóreo: dieta e atividade física. Além da repetição de entrevistas e exames realizados nas etapas anteriores, serão feitos dois novos exames: um com actígrafo, um aparelho instalado na cintura para mensurar o sono e o movimento durante a semana e outro para indicar o escore de cálcio, marcador de aterosclerose – medidor de gordura nas paredes das artérias.

Para o pesquisador, a saúde não depende somente do quanto a pessoa acumula de gordura no organismo, mas de onde a gordura fica depositada no corpo, por exemplo no pescoço, ao redor do coração, no fígado ou na parede abdominal. “Alguns estudos já vêm demonstrando que a deposição de gordura no abdome é menos prejudicial à saúde do que quando ela permanece em outras regiões, explica.

Elsa Brasil

O Elsa Brasil é um estudo feito com cerca de 15 mil voluntários, entre 35 e 74 anos, de seis universidades localizadas em São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Rio de Janeiro e Vitória. Da USP, cinco mil são participantes voluntários da pesquisa. O propósito é verificar a incidência e os fatores de risco para doenças crônicas, em particular as cardiovasculares e a diabete.

Projeto ELSA - Foto: Cecília Bastos
Projeto Elsa – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Os voluntários fazem exames e entrevistas em que são avaliados novos casos e a progressão das doenças crônicas não transmissíveis, especialmente diabete e doenças cardiovasculares e seus fatores de risco em uma ampla gama de exposições, como riscos biológicos, comportamentais, ambientais, ocupacionais, psicológicos, sociais e outros.

Os materiais coletados (amostras de soro, plasma, urina e DNA) de todos os participantes estão sendo guardados na Bioteca localizada no HU – banco de materiais biológicos que, no futuro, podem ser acessados para  investigações e acompanhamento da evolução das doenças crônicas.

Mais informações: site do Elsa-Brasil, e-mails elsa@usp.br ou palotufo@usp.br, com o coordenador da pesquisa, professor Paulo Lotufo


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