Neste momento de celebração e orgulho pelos 90 anos da Universidade, refletimos sobre as nossas contribuições, conscientes da nossa responsabilidade, certos de que as tecnologias são cruciais não apenas nas situações críticas como esta, mas também no enfrentamento aos desafios das mudanças climáticas e na busca por uma realidade sustentável.
Ainda é recente em nossa memória a clara contribuição que a USP deu à sociedade que a financia no contexto da recente pandemia de covid-19. Ficou claro, também, que medidas baseadas na ciência significaram a garantia da vida e da saúde das pessoas. A sociedade brasileira pôde contar com profissionais e instituições sólidas que responderam rápida e adequadamente ao desafio, entre elas, a USP e seus profissionais das mais diversas áreas. A Escola Politécnica desenvolveu, no contexto da pandemia, o ventilador pulmonar Inspire, um equipamento de suporte respiratório emergencial. A iniciativa uniu esforços da Marinha do Brasil, diversas instituições e doadores institucionais e particulares que, em parceria com a Universidade, possibilitaram a fabricação de 1000 equipamentos com tecnologia nacional e a distribuição gratuita para hospitais de municípios de diversos Estados, chegando até Parintins, no Amazonas.
Pesquisadores, docentes e estudantes atuaram também na manutenção emergencial de ventiladores mecânicos que estavam parados, em parceria com o SENAI e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Uma força tarefa fabricou mais de 27 mil protetores faciais, e outra iniciativa de desenvolvimento de um robô hospitalar gerou um Núcleo de Inovação Tecnológica em parceria com o Hospital Universitário, para fomentar mais projetos na área da saúde. Isso para citar, apenas, algumas iniciativas relacionadas à engenharia da vida, como convencionamos chamar na Poli, que já conta com grupos que se dedicam à engenharia biomédica há anos. Poucos anos antes da pandemia, a gestão fazia um esforço para fomentar colaborações de pesquisa na interação entre as áreas de engenharia e medicina, inclusive com instituições do exterior que já estivessem se dedicando ao tema.
Estes são exemplos muito diretos da competência, dedicação e determinação em colaborar da comunidade formada ao redor da Universidade, um ciclo virtuoso de cooperação com potencial para melhorar a qualidade de vida da população.
Em 2023, a Escola Politécnica completou 130 anos. Em nosso esforço para reconhecer as contribuições traçadas ao longo de sua história, é interessante perceber como tem cumprido sua missão uma escola de engenharia, fundada em 1893, para fortalecer a industrialização e promover o desenvolvimento tecnológico do Estado de São Paulo.
São inúmeras as iniciativas que contaram com a participação de politécnicos e politécnicas. Os desafios mudam, porém a disposição da nossa comunidade em buscar soluções por meio da engenharia permanece ao longo do tempo.
Este é um exemplo de como as lideranças da Universidade estão antenadas com os desafios enfrentados pela sociedade que podem ser superados por meio do desenvolvimento do conhecimento.
Grandes centros de pesquisa da nossa Universidade contam com a liderança e participação da Poli. São iniciativas interdisciplinares que unem as competências de pesquisadores de diversas áreas de diferentes unidades da USP, como o Centro de Pesquisa Para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), que desenvolve inovações ecológicas e soluções para a transição energética na área de energia e combustíveis; o Centro de Pesquisa Para Inteligência Artificial e Ciência de Dados (C4AI); o Tanque de Provas Numérico (TPN), que é referência internacional em estudos na área naval e oceânica para modelos e simulações náuticas e portuárias, associado ao recém-criado Centro de Inovação em Tecnologia Offshore (OTIC); o Centro de Estudos em Regulação e Qualidade de Energia; e o Centro de Estudos da Metrópole.
Sobre parcerias para deixar a indústria mais competitiva por meio da inovação tecnológica, entre diversos convênios, destacamos as três unidades Embrapiis (Associação Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) lideradas na Poli, nas áreas de Construção ecoeficiente, de Desenvolvimento de processos e produtos verdes e de Trens de força veicular. São organizações que também reúnem diversos pesquisadores atuando na solução de desafios tecnológicos trazidos pelas empresas, impactando diretamente o setor industrial do País.
Nunca distanciada das demandas e desafios da sociedade, a Escola Politécnica tem acompanhado as transformações para oferecer aos seus alunos a formação mais adequada para a realidade em que vivemos, alinhando suas iniciativas aos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável, e seu Projeto Acadêmico, um plano com diretrizes e metas para a Escola, reflete isso. A Poli tem promovido discussões e está implementando mudanças em seus cursos de graduação e práticas de ensino, tendo como base novas diretrizes curriculares nacionais. O empreendedorismo é outro aspecto crescentemente incentivado nas atividades da Escola, cabendo destacar aqui a atuação dos politécnicos e politécnicas que lideraram startups de destaque, como os fundadores da 99, do Nubank e da Wildlife Studios.
Tendo em vista todos desafios que conhecemos em nossa história, a Poli tem buscado oferecer aos futuros engenheiros e engenheiras uma formação que os prepare para liderar o enfrentamento aos desafios contemporâneos. Cabe mencionar que a Escola Politécnica mantém, há mais de duas décadas, um vigoroso programa de internacionalização no ensino de graduação, com diversos convênios de dupla diplomação com universidades de outros países que propiciam aos nossos estudantes uma oportunidade de intercâmbios internacionais de duplo diploma e de aproveitamento de estudos.
Trabalhamos para que nossa missão se concretize todos os dias, e a confiança em nós depositada pela sociedade paulista e brasileira possa se renovar a cada dia.
Para a Escola Politécnica, é motivo de honra e orgulho pertencer à USP e poder contribuir para o conjunto expressivo de seus resultados em favor da sociedade.
________________
(As opiniões expressas nos artigos publicados no Jornal da USP são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem opiniões do veículo nem posições institucionais da Universidade de São Paulo. Acesse aqui nossos parâmetros editoriais para artigos de opinião.)