Conjunto de Música Antiga exibe na USP “A Vanguarda Florentina”

Evento reúne composições europeias dos séculos 16 e 17 em 12 de setembro, às 12h30, na Biblioteca Brasiliana

 06/09/2023 - Publicado há 11 meses
Por
Pedro Diniz, Giulia Faria e Gustavo Gargiulo – Fotos: Divulgação/www.sim-usp.com

 

Obras de compositores europeus dos séculos 16 e 17 vão ser apresentadas no dia 12, terça-feira, às 12h30, na USP, durante o concerto A Vanguarda Florentina, em mais um evento da Série Internacional de Música USP (SIM-USP). Com entrada grátis, o concerto será realizado pelo Conjunto de Música Antiga da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, na Sala de Música Villa-Lobos da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP, na Cidade Universitária, em São Paulo.

“A virada para o século 17 foi um momento culturalmente rico e libertador, através de um movimento consciente de vanguarda intelectual”, afirma o cravista Pedro Augusto Diniz, do Conjunto de Música Antiga, um dos músicos que participarão do concerto. Ele explica que, até então, o polo cultural europeu estava no norte da Itália, devido ao patronato dos Medici, em Florença, dos d’Este, em Ferrara, e dos Sforza, em Milão. “Ali, mestres de música, compositores, poetas, pintores e intelectuais humanistas estavam recriando maneiras do drama em performance musical, inspirados pela Antiguidade clássica e pelo ideal que eles criaram para si do teatro grego”, acrescenta Diniz, que é bacharel em Cravo pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e mestre pela Staatliche Hochschule für Musik, em Trossingen, na Alemanha.

Na época, compositores italianos acabaram desenvolvendo aspectos fundamentais da música barroca – continua Diniz -, como o “canto monódico, a afirmação do acompanhamento harmônico conhecido atualmente por baixo contínuo, o recitar cantando, a potencialização dos afetos da palavra postos em recursos musicais rítmicos, harmônicos e melódicos e, por fim, a inovação da música instrumental idiomática, finalmente emancipada da escrita estritamente vocal”.

O objetivo de A Vanguarda Florentina, segundo Diniz, é expor o que o movimento significou para o contexto sociocultural europeu de 1600. “Teremos de realizar esse desafio dentro dos limites de nossa formação: uma cantora, um instrumento melódico e um instrumento harmônico”, relata. Além de Diniz, ao cravo, o concerto contará com a interpretação da soprano Giulia Faria, estudante de Canto Barroco na Schola Cantorum Basiliensis, na Suíça, e no cornetto, o professor e músico argentino Gustavo Gargiulo, concertista em Música Antiga pelo Conservatório Superior da Região de Paris. 

Il bianco e dolce cigno (1539), de Jacob Arcadelt (1507-1568), abre o concerto. Diniz conta que essa composição foi “extremamente difundida” na Europa e reimpressa inúmeras vezes, tornando-se um modelo para a escrita madrigalesca do século 17. “Nós executaremos o madrigal não da maneira original, com quarteto vocal à capela, mas apenas com o canto da voz mais aguda e uma intavolatura ao cravo (redução da textura de quatro vozes para um instrumento de teclas). Na sequência, o cornetto toca uma ornamentação dessa mesma melodia, prática que naquele período se chama diminuição”, detalha o músico.

Em seguida, é a vez de Aura Soave (1601) e de Capricio a 2 (1610), dos italianos Luzzasco Luzzaschi (1545-1607) e Giovanni Paolo Cima (1570-1622), respectivamente. As composições precedem outras sete obras de quatro músicos da Itália, Giulio Caccini, Francesca Caccini, Adriano Banchieri e Girolamo Frescobaldi. “Também vamos trazer compositores que atualmente são menos conhecidos, como Angelo Notari e Stefano Landi, para jogar luz em obras que são preciosas e que estão caindo no esquecimento”, acrescenta Diniz. A execução de Zefiro torna (1632), de Claudio Monteverdi, finaliza o concerto.

 A curadoria da SIM-USP é do pianista Eduardo Monteiro e da clarinetista Mônica Lucas, ambos professores do Departamento de Música da ECA.

Criada em 2019, a SIM-USP é uma iniciativa da ECA, em parceria com a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) da USP e com a BBM. Desde então, pretende desempenhar “o importante papel de instrumento de formação cultural, levando a produção musical realizada no âmbito da USP para um público amplo”. A SIM-USP tem o apoio do Instituto Italiano de Cultura de São Paulo e da Fundação Maria Luisa e Oscar Americano.

Os vanguardistas italianos

Confira abaixo o programa que será exibido no concerto do Conjunto de Música Antiga, no dia 12

Jacob Arcadelt (1507-1568) – Il bianco e dolce cigno (1539). Versão ornamentada: G. Gargiulo
Luzzasco Luzzaschi (1545-1607) – Aura Soave (1601)
Giovanni Paolo Cima (1570-1622) – Capricio a 2 (1610)
Giulio Caccini (1551-1618) – Tutto’l di piango (1602)
Angelo Notari (1566-1663) – Piangon al Pianger mio (1613)
Francesca Caccini (1587-1640) – Maria dolce Maria (1618)
Ignazio Donati (1570-1638)- O Gloriosa Domina
Adriano Banchieri (1568-1634) – Sonata sopra Vestiva i Colli
Girolamo Frescobaldi (1583-1643) – Cosi mi disprezzate (1630)
Stefano Landi (1587-1639) – Augellin (1620)
Claudio Monteverdi (1567-1643) – Zefiro torna (1632)

O concerto A Vanguarda Florentina, da Série Internacional de Música USP (SIM-USP), acontece no dia 12 de setembro, terça-feira, às 12h30, na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (Sala de Música Villa-Lobos, Rua da Biblioteca, 21, Cidade Universitária, em São Paulo). Entrada grátis. Mais informações estão disponíveis no site da Sim-USP.


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