Escolher e planejar a tecnologia pode ser o caminho para melhorar a qualidade de vida nas cidades

A partir do livro “Megatendências Mundiais 2040”, a ideia não é adivinhar o futuro, mas compreender as tendências para tomar decisões, explica o professor Marcelo Pessôa

 29/06/2023 - Publicado há 1 ano
A Poli cooperou principalmente no capítulo sobre cidades do futuro, um tema já muito estudado na USP – Foto: 123RF
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Lançado no início da semana, o livro Megatendências Mundiais 2040 apresenta os principais desafios do Brasil nos próximos anos e conta com a participação de mais 26 pesquisadores. A obra é resultado da pesquisa do Grupo de Pesquisa e Estudos Prospectivos (NEP-UCB), sob a coordenação da professora da PUC de Brasília Elaine C. Marcial, e levanta aspectos sociais, geopolíticos, tecnológicos, econômicos e ambientais. 

O professor Marcelo Pessôa, do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica (Poli) da USP, comenta sobre a participação do grupo Conecticidade (Laboratório de Cidades, Tecnologia e Urbanismo da Poli). “O trabalho foi realizado juntamente à Assecor (Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Planejamento e Orçamento), o que é muito importante para gerar um lastro do governo”, esclarece Pessôa. 

Objetivo 

A ideia da pesquisa não é adivinhar o futuro, mas compreender as tendências para tomar decisões, sendo elas para reforçar ou mudar o rumo do futuro. Nesse aspecto, o livro consolidou uma série de oficinas de planejamento a longo prazo com o auxílio de diversas especialidades. 

Pessôa explica que a Poli cooperou principalmente no capítulo sobre cidades do futuro, um tema já muito estudado na USP e objeto de estudo no NAP USP Cidades. A questão central do assunto discorre sobre o rápido desenvolvimento tecnológico que nem sempre atinge a população geral devido ao alto custo de algumas tecnologias. 

No entanto, também há outros recursos que já atingiram um patamar de custo muito baixo. “Então, a ideia é justamente escolher e planejar o uso dessas tecnologias com bastante intensidade nas cidades para que a gente consiga melhorar a qualidade de vida do cidadão”, analisa  o professor. Além disso, essa estratégia também visa a melhores serviços, maior oportunidades e transparência nas gestões públicas. 

Exemplos

Um dos exemplos citados pelo especialista é o caso da popularização dos aplicativos de rastreamento de ônibus para o transporte público. “Há muitos anos, em São Paulo, por uma questão de fiscalização da circulação dos ônibus urbanos, foram instalados GPS em todos os ônibus, mas era uma coisa muito cara”, declara. 

O barateamento dessa tecnologia só se tornou possível por meio da liberação desses dados e do rastreamento presente nos celulares. Assim, esse recurso passou a ser utilizado tanto pela Prefeitura, para fiscalizar as empresas privadas que prestam o serviço de transporte dos ônibus, quanto pelo cidadão, para melhorar a qualidade de sua locomoção. 

O professor atenta que a distribuição dessas tecnologias já barateadas também não é igualitária no Brasil e poderia atingir não só as cidades grandes, mas as menores também. O Conecticidade busca incentivar essa prática de forma uniforme pelo País. 

Sustentabilidade

Desde a Revolução Industrial, iniciou-se um período de grande produção e uma ilusão de recursos infinitos do planeta Terra. Apenas na década de 1970, começou a se perceber as limitações do meio ambiente. “Os países demoraram também para entender que mexer com o clima e mexer com essas questões do planeta não tem fronteira”, ressalta o professor, ao mencionar a importância de um pacto mundial para questões climáticas e naturais. 

Além da questão propriamente dita da exploração dos recursos naturais, a conscientização da sociedade e a mudança em suas ações é crucial. O professor comenta que o desafio é o custo que determinadas mudanças de hábito poderá acarretar ao bolso do cidadão. 


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