Grupo Wagner, um especialista em “táticas criminosas e execráveis” a serviço de Moscou

Marília Fiorillo comenta as ações dos mercenários do Grupo Wagner, velhos conhecidos de Vladimir Putin, que é inclusive íntimo do chefe daquela milícia, Yevgeny Prigozhin

 02/06/2023 - Publicado há 1 ano

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“Prigozhin está furioso. Ouçam o que ele postou esta semana no Telegram: ‘Seus porcos, sua escória, como vocês deixam drones atacarem Moscou enquanto ficam sentados tranquilamente?'”. Assim a professora Marília Fiorillo dá início à sua coluna desta semana, cujo tema é o Grupo Wagner, mercenários a serviço de Moscou. Diz Marília: “O alvo da cólera de Prigozhin é a elite política, econômica e militar russa, a maioria residente em condomínios de Rublyovka, uma espécie de Alphaville da nomenklatura de Putin. E quem é Prigozhin? O chefe da milícia mercenária conhecida como grupo Wagner, eles sim, uma legítima escória campeã em execuções e torturas de civis ucranianos, formada inclusive por homicidas anistiados e libertados pelo Kremlin, sob a condição de se engajarem nas fileiras wagnerianas para encorpar os crimes de guerra na Ucrânia”.

“Em 8 de maio do ano passado, há um ano, portanto, esta coluna já denunciava as atrocidades do Wagner, mostrando que, se havia neonazistas ou uma extrema-direita atuante, ela não vinha da Ucrânia, mas do círculo íntimo de Putin. Na ocasião, comentávamos que era vantajoso para o regime russo usar mercenários, não só pela selvageria, mas porque os crimes, sendo terceirizados, não poderiam ser diretamente atribuídos ao governo russo. Isso foi antes da condenação de Putin pelo Tribunal Penal Internacional.”

A colunista lembra ainda que o Grupo Wagner não é recente em cenários de guerra, pois “já havia prestado serviços a Putin na Síria, Líbia e na República Centro-Africana. No decorrer da guerra na Ucrânia, que parece se eternizar num impasse, alguns generais russos começaram a se mostrar contrariados com a autonomia de Prigozhin, que ora pede mais munição, ora ameaça sair de cena e, com isso, precipitar a derrota russa – a clássica chantagem, como fez Aquiles com Agamenon na invasão de Troia”.

“Prigozhin, porém, é intocável. Pertence ao círculo íntimo (e crescentemente expurgado) dos homens de confiança de Putin, de quem já foi cozinheiro. Verdadeiro self-made man, ele começou a vida vendendo cachorro-quente numa barraquinha e hoje tem mais proeminência que muitas altas patentes militares russas. O Wagner dará continuidade às táticas criminosas e execráveis que o Kremlin usou, por exemplo, no massacre da Chechênia, em 1999. Assistam ao filme Busca na Tormenta (The Search), que mostra, pelo olhar de uma criança que foge dos invasores russos, o que é a guerra, para valer.


Conflito e Diálogo
A coluna Conflito e Diálogo, com a professora Marília Fiorillo, vai ao ar quinzenalmente sexta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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