Em sua primeira coluna do ano, o professor Glauco Arbix elegeu como tema o ChatGPT em sua versão 3, que está, nas palavras dele, causando furor, que nem sempre é justificado, pois trata-se de uma ferramenta que não é tão inovadora como se costuma apregoar por aí. “É uma revolução mais ou menos, é um passo à frente, é uma inovação extremamente importante na área da inteligência artificial, mas já vem há muito tempo assim, mais de 15 anos, é que ela deu um salto muito grande […] são modelos de linguagem ampliada que têm muitas referências e conseguem deixar de ser tão estático quanto os sistemas de busca que nós temos hoje.” A ferramenta consegue dar respostas quase que instantaneamente mais claras, “ela forma textos, ela escreve aparentemente de uma maneira coerente, crível, e parece tão crível que muitas vezes parece que ela é inteligente”. Não é o caso, porém.
O ChatGPT tem a capacidade de prever a próxima palavra que vai ser encadeada no texto, mas o detalhe é que o sistema não entende o significado da palavra. “Ele vai colocando de acordo com os dados que consegue coletar, e como ele consegue coletar milhões, bilhões de dados, as referências são muito grandes, ele tem uma capacidade de formatação de textos muito significativa.” Mas é claro que há limitações, “se a gente não conhecer essa limitações, não tem como trabalhar com ele na escola, na saúde, em todas as áreas. As limitações são claras: primeiro, ele não é inteligente; segundo, responde de acordo com os dados que tem”. Arbix enfatiza ser importante que essas limitações se tornem claras, ou se pode correr até mesmo o risco de deformar o sistema educacional.
“Nós vamos falar para os alunos que isso aqui é um horror, nós vamos banir, vamos impedir o uso dessa ferramenta. Sabendo usar, pode dar resultado, pode ser inspirador, mas tem erros, provoca erros, ele apresenta erros muito grosseiros; muitas vezes são erros que chamam atenção. Não é só de informação: façam os seus testes, façam as perguntas para ele. É só entrar no site da empresa chamada OpenAI, que foi exatamente o centro de pesquisa que gerou o chat. Não se trata de saber se a gente gosta ou não. O importante é perceber que essa tecnologia é importante, mas temos que saber como lidar com ela e colocar as perguntas, os termos certos, e sempre desconfiar das respostas”, finaliza Arbix.
Observatório da Inovação
A coluna Observatório da Inovação, com o professor Glauco Arbix, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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